Anda daí
Porque
Termina hoje o mês de Março
Termina hoje o meu Inverno.
Pronto,
Decidi assim.
E não há mais explicações
Nem outras razões.
De ora avante
Vou planar em cima dum floco de neve
Vou mergulhar numa gota de chuva
Duma lágrima farei o meu oceano salgado
Do granizo o meu aliado
Da ventania a minha companhia
Sempre com o céu descoberto.
À noite o luar
De dia a energia solar
De ambos vou alimentar
A minha vida futura.
Pronto,
Vai ser mesmo assim.
Acabou-se a piedade de mim.
Vem comigo,
Dá-me a mão.
Vamos passear nesta nova estação,
Vamo-nos ver
reflectidos no espelho da nossa ambição.
Vem sorrir comigo,
Vem alimentar o meu sexto sentido.
Dá-me o teu coração
E eu te darei o paraíso prometido.
Vens?
Joaquim Marques
sexta-feira, 30 de março de 2007
quinta-feira, 29 de março de 2007
segunda-feira, 26 de março de 2007
Gosto de simplificar as emoções.
Porque se rodeiam as pessoas
De pressupostos
E atitudes
Que as enaltecem
Nos espíritos pouco informados dos outros?
Um Ministro é um Homem
E o Papa também,
Todos nós podemos vir a ser um deles.
É preciso desmistificar as coisas:
Até o crime é vulgar
E cada um de nós pode ser um criminoso.
O que mistifica a situação
São as emoções diferentes
Por nos sentirmos num outro estádio
Ambicionado pela vulgaridade rotineira.
Joaquim Marques
Porque se rodeiam as pessoas
De pressupostos
E atitudes
Que as enaltecem
Nos espíritos pouco informados dos outros?
Um Ministro é um Homem
E o Papa também,
Todos nós podemos vir a ser um deles.
É preciso desmistificar as coisas:
Até o crime é vulgar
E cada um de nós pode ser um criminoso.
O que mistifica a situação
São as emoções diferentes
Por nos sentirmos num outro estádio
Ambicionado pela vulgaridade rotineira.
Joaquim Marques
domingo, 25 de março de 2007
A ti irmã de sempre
A ti amor eterno
A ti que sinto sempre presente
Com o teu abraço meigo terno.
A ti minha mana
A ti que o meu coração clama,
A ti que sempre tive
E terei
Pelas razões que não sei.
A ti ofereço a minha alma,
A minha alegria,
Nesta tarde calma
Todos os sorrisos deste dia.
A ti entrego o meu querer
A minha razão de viver,
O sentido desta vida a correr,
A beleza deste lugar
Que construí a pensar,
Sem nunca entender,
Que também tu saberias perceber
Com singelo carinho
Como foi o rasgar deste caminho
Que me deixa aqui
E de tão longe me transporta até ti.
A ti e para ti, com eterna devoção
Entrego a paz e as alegrias
O sossego e a emoção
E as vitórias destes dias.
Joaquim Marques
A ti amor eterno
A ti que sinto sempre presente
Com o teu abraço meigo terno.
A ti minha mana
A ti que o meu coração clama,
A ti que sempre tive
E terei
Pelas razões que não sei.
A ti ofereço a minha alma,
A minha alegria,
Nesta tarde calma
Todos os sorrisos deste dia.
A ti entrego o meu querer
A minha razão de viver,
O sentido desta vida a correr,
A beleza deste lugar
Que construí a pensar,
Sem nunca entender,
Que também tu saberias perceber
Com singelo carinho
Como foi o rasgar deste caminho
Que me deixa aqui
E de tão longe me transporta até ti.
A ti e para ti, com eterna devoção
Entrego a paz e as alegrias
O sossego e a emoção
E as vitórias destes dias.
Joaquim Marques
sábado, 24 de março de 2007
Ah estes dias
De nostalgia do meu ser
Que me fazem sentir
A pequenez da minha bravura
E redobram em lágrimas de sentimento
A minha insegurança
Face às ambições do meu querer.
Ah amigos
Que muitas vezes
A felicidade é feita de pequenas tristezas
E a apoteose pode ser uma lágrima
E um sorriso
Singelo e humilde e grato
Nos dias grandes da nossa pequenez.
Penso assim
Nestes dias longos de nostalgia
Dos meus sonhos
Do futuro do meu querer.
Joaquim Marques
De nostalgia do meu ser
Que me fazem sentir
A pequenez da minha bravura
E redobram em lágrimas de sentimento
A minha insegurança
Face às ambições do meu querer.
Ah amigos
Que muitas vezes
A felicidade é feita de pequenas tristezas
E a apoteose pode ser uma lágrima
E um sorriso
Singelo e humilde e grato
Nos dias grandes da nossa pequenez.
Penso assim
Nestes dias longos de nostalgia
Dos meus sonhos
Do futuro do meu querer.
Joaquim Marques
sexta-feira, 23 de março de 2007
As águas inspiram-me
O verde também
As águas são verdes, azuis,
Incolores
As plantas são verdes, azuis,
Colores
São belas as plantas verdes e azuis,
Porque não são incolores
O céu é lindo, as nuvens também
O ar é incolor e o céu é azul
As nuvens são brancas
A chuva é incolor.
Eu sou opaco e o ar e a água
São incolores
À minha frente tudo é belo:
A água verde, as nuvens brancas
E o céu azul.
Joaquim Marques
O verde também
As águas são verdes, azuis,
Incolores
As plantas são verdes, azuis,
Colores
São belas as plantas verdes e azuis,
Porque não são incolores
O céu é lindo, as nuvens também
O ar é incolor e o céu é azul
As nuvens são brancas
A chuva é incolor.
Eu sou opaco e o ar e a água
São incolores
À minha frente tudo é belo:
A água verde, as nuvens brancas
E o céu azul.
Joaquim Marques
quinta-feira, 22 de março de 2007
Rodo em torno de mim
Com a percepção sensível
Do fluxo interno
Que brota do meu cérebro
Rodo a loucura
Que transparece
No tempo que vivo e penso
Revivendo a roda
Do meu viver.
E rodo contínuo
A roda que não tenho
Com a minha cabeça à roda
Rodando sobre o eixo
Do meu pensamento.
Penso sempre a rodar
As rodas que dou
Nesta vida a girar
Rodando sem cessar
Nos círculos que descuro
Com a ideia fixa
Numa roda sem fim.
Penso em contínuo rodar
Da loucura que se me apodera
Na roda violenta
Que invento parado.
E a ideia…
A ideia parada rodando em mim
Subsiste no pensamento
De que rodar é fixo,
Fixando em ficção
O pensamento incrustado
À roda desta ideia.
Então rodo sempre
A ideia que não pára
Na roda infinita da imaginação,
Intrínseca do pensamento:
Rodado e meu,
Nesta roda rotativa que invento.
Joaquim Marques
Com a percepção sensível
Do fluxo interno
Que brota do meu cérebro
Rodo a loucura
Que transparece
No tempo que vivo e penso
Revivendo a roda
Do meu viver.
E rodo contínuo
A roda que não tenho
Com a minha cabeça à roda
Rodando sobre o eixo
Do meu pensamento.
Penso sempre a rodar
As rodas que dou
Nesta vida a girar
Rodando sem cessar
Nos círculos que descuro
Com a ideia fixa
Numa roda sem fim.
Penso em contínuo rodar
Da loucura que se me apodera
Na roda violenta
Que invento parado.
E a ideia…
A ideia parada rodando em mim
Subsiste no pensamento
De que rodar é fixo,
Fixando em ficção
O pensamento incrustado
À roda desta ideia.
Então rodo sempre
A ideia que não pára
Na roda infinita da imaginação,
Intrínseca do pensamento:
Rodado e meu,
Nesta roda rotativa que invento.
Joaquim Marques
A minha sina é viajar
A correr e a saltar
E a mudar de lugar.
O meu sossego é ficar
Parado e quieto
A olhar
A beleza do jardim
Deste lugar
Neste meu castelo de encantar.
Todos os dias penso em parar,
Em contrariar
A minha sina
E ficar aqui
Solto dos compromissos que vivi.
Todos os dias acordo vestido
De mim e de nada
E dos pensamentos da noite passada,
E de chávena na mão
Olho com emoção
As realizações
Do meu querer.
E fito o orgulho que deixo
Neste lugar,
Onde repouso de cada viagem,
Que deixei de fazer
Mas que sei
Que voltará a acontecer.
Se a minha sina é viajar,
E é sempre mudar de lugar,
E se ela me adivinha,
Ela sabe que voltarei sempre aqui,
Ao lugar onde renasci
Desde que te construi
Meu castelo de encantar.
Voltei a nascer aqui,
Voltei aqui a viver
E a partilhar o meu querer
Com todos e com ninguém
E sinto que serei para além
Do anfitrião,
Um amigo e um irmão
De colher de pau na mão
E olhar enternecido
Pelo prazer oferecido
A quem se quis acolher
Neste meu lugar, neste meu entender
De que há sempre alguém
Que exclama:
eu aqui sinto-me bem!
Amigo do coração,
Conhecido só de ocasião,
Eu vivo aqui,
vivo a pensar em mim e em ti
e foi por nós que construí
este lugar de eleição
enaltecido pelo meu coração
e embelezado
pelas cores destas manhãs de verão.
Joaquim Marquees
A correr e a saltar
E a mudar de lugar.
O meu sossego é ficar
Parado e quieto
A olhar
A beleza do jardim
Deste lugar
Neste meu castelo de encantar.
Todos os dias penso em parar,
Em contrariar
A minha sina
E ficar aqui
Solto dos compromissos que vivi.
Todos os dias acordo vestido
De mim e de nada
E dos pensamentos da noite passada,
E de chávena na mão
Olho com emoção
As realizações
Do meu querer.
E fito o orgulho que deixo
Neste lugar,
Onde repouso de cada viagem,
Que deixei de fazer
Mas que sei
Que voltará a acontecer.
Se a minha sina é viajar,
E é sempre mudar de lugar,
E se ela me adivinha,
Ela sabe que voltarei sempre aqui,
Ao lugar onde renasci
Desde que te construi
Meu castelo de encantar.
Voltei a nascer aqui,
Voltei aqui a viver
E a partilhar o meu querer
Com todos e com ninguém
E sinto que serei para além
Do anfitrião,
Um amigo e um irmão
De colher de pau na mão
E olhar enternecido
Pelo prazer oferecido
A quem se quis acolher
Neste meu lugar, neste meu entender
De que há sempre alguém
Que exclama:
eu aqui sinto-me bem!
Amigo do coração,
Conhecido só de ocasião,
Eu vivo aqui,
vivo a pensar em mim e em ti
e foi por nós que construí
este lugar de eleição
enaltecido pelo meu coração
e embelezado
pelas cores destas manhãs de verão.
Joaquim Marquees
quarta-feira, 21 de março de 2007
Um sonho incompleto
Vagueava por ali havia já alguns momentos longos, consoante o temperamento do tempo os concebe nos dias de sempre. Observava sentado o ritmo dos passos que ia dando, a destruição feita amálgama de sentimentos que o micro ecossistema sofria a cada ritmo menos acelerado do peso do meu corpo sobre a relva de musgo alimentada pela caruma dos pinheiros mansos. Perguntei-me: porque se diferenciam as folhas umas das outras? Não havia roseiras naquele local...
Sorri, faço-o sempre que a imaginação pára para dar lugar a mim próprio, sentado e parado, desfolhando um ramo de carvalho. São pequenas pausas no meu sonho de estar bem comigo, na vida diferente que gosto de ser.
Nem sempre vou a estes lugares onde o pensar me desgasta a celulite dos tempos da representação do meu papel na imensidão dos palcos da vida.
Tornei a sorrir, pois nunca me tinha acontecido vaguear de lápis e papel.
Joaquim Marques
Vagueava por ali havia já alguns momentos longos, consoante o temperamento do tempo os concebe nos dias de sempre. Observava sentado o ritmo dos passos que ia dando, a destruição feita amálgama de sentimentos que o micro ecossistema sofria a cada ritmo menos acelerado do peso do meu corpo sobre a relva de musgo alimentada pela caruma dos pinheiros mansos. Perguntei-me: porque se diferenciam as folhas umas das outras? Não havia roseiras naquele local...
Sorri, faço-o sempre que a imaginação pára para dar lugar a mim próprio, sentado e parado, desfolhando um ramo de carvalho. São pequenas pausas no meu sonho de estar bem comigo, na vida diferente que gosto de ser.
Nem sempre vou a estes lugares onde o pensar me desgasta a celulite dos tempos da representação do meu papel na imensidão dos palcos da vida.
Tornei a sorrir, pois nunca me tinha acontecido vaguear de lápis e papel.
Joaquim Marques
terça-feira, 20 de março de 2007
Neste Agosto
Adormeço sem gosto
E acordo deitado
No meu leito desmanchado
Pela presença austera destes momentos de espera.
É como uma repetição
Uma forma regular
De ao meu destino voltar
Voltar a ser quem eu sou e era
E que na minha memória rebusco
Todos os dias ao lusco-fusco
Nos dias sucessivos de que é composto
Este novo mês de Agosto.
E se para o ano for diferente
É porque encarrilhei
E ainda bem que me deitei
Em cima desta espera
Para acordar um dia mais tarde
Ciente de quem sou e era
E assim ter valido a pena
Mais este Agosto
De sonos a contragosto.
Joaquim Marques
Adormeço sem gosto
E acordo deitado
No meu leito desmanchado
Pela presença austera destes momentos de espera.
É como uma repetição
Uma forma regular
De ao meu destino voltar
Voltar a ser quem eu sou e era
E que na minha memória rebusco
Todos os dias ao lusco-fusco
Nos dias sucessivos de que é composto
Este novo mês de Agosto.
E se para o ano for diferente
É porque encarrilhei
E ainda bem que me deitei
Em cima desta espera
Para acordar um dia mais tarde
Ciente de quem sou e era
E assim ter valido a pena
Mais este Agosto
De sonos a contragosto.
Joaquim Marques
segunda-feira, 19 de março de 2007
Eis-me perante
A angústia de se estar à espera!
E eis como ela se apresenta
perante a inoportunidade do momento
carregado de sentimentos
e ideias já muito pensadas:
vem de mansinho
tal como o saber a entende
e frutifica das palavras que se não disseram
antes do momento da sua aparição.
E quando ao pensar bani-la,
bani-la do meu pensamento:
pensando que não tenho pensar
e querendo que esse pensamento
seja ao sabor do vento
puro e alegre como o cantar das aves;
fica o problema da dificuldade
de se não entender o pensamento
e de ter medo a cada momento
daquela ideia que me persegue
e que ao frutificar é
a angústia de se estar à espera.
Não sei como bani-la,
Mas sei que não devo pensar nela.
Joaquim Marques
Açores 31-07-1983
A angústia de se estar à espera!
E eis como ela se apresenta
perante a inoportunidade do momento
carregado de sentimentos
e ideias já muito pensadas:
vem de mansinho
tal como o saber a entende
e frutifica das palavras que se não disseram
antes do momento da sua aparição.
E quando ao pensar bani-la,
bani-la do meu pensamento:
pensando que não tenho pensar
e querendo que esse pensamento
seja ao sabor do vento
puro e alegre como o cantar das aves;
fica o problema da dificuldade
de se não entender o pensamento
e de ter medo a cada momento
daquela ideia que me persegue
e que ao frutificar é
a angústia de se estar à espera.
Não sei como bani-la,
Mas sei que não devo pensar nela.
Joaquim Marques
Açores 31-07-1983
domingo, 18 de março de 2007
Recordo o azul
O raio de luz que me tocou
Que me envolveu
E transformou
As cores garridas da minha tristeza.
Recordo porque recordar é viver
E nunca me irei esquecer
Desses tempos de menino
Do meu berçário
E do teu tino.
Recordo hoje a luz azul
E agora no teu aniversário
Ofereço-te o verde da esperança
Acompanhado por cânticos de alegria
Que aquele raio de luz
Fez renascer em mim
Como que por magia
Num certo momento
Num determinado dia.
Joaquim Marques
O raio de luz que me tocou
Que me envolveu
E transformou
As cores garridas da minha tristeza.
Recordo porque recordar é viver
E nunca me irei esquecer
Desses tempos de menino
Do meu berçário
E do teu tino.
Recordo hoje a luz azul
E agora no teu aniversário
Ofereço-te o verde da esperança
Acompanhado por cânticos de alegria
Que aquele raio de luz
Fez renascer em mim
Como que por magia
Num certo momento
Num determinado dia.
Joaquim Marques
sábado, 17 de março de 2007
sexta-feira, 16 de março de 2007
Este tipo é um tretas!
Contou-me, em surdina, uma personagem das minhas relações, a história que em seguida vou reproduzir.
Estávamos numa bela manhã duma solarenga sexta-feira de Março, no caos do trânsito de Lisboa, em pleno Marquês de Pombal, quando o nosso amigo JC, atarefado com o relógio e a pressa em voltar a ficar sem ter nada para fazer, visita uma das suas clientes. Entregou a encomenda, acrescentou charme bastante, e vai quando a amável cliente lhe pede para verificar um equipamento.
_ Sabe, senhor JC, diz a cliente, esta máquina chia por todos os lados.
_ JC: Não me diga, “menina”, que aborrecido!
Experimentou ele a máquina e chiava mais ainda nas suas mãos do que parecia nas mãos da adorável cliente. Estava o caldo entornado! Tanto charme jogado pró ralo do esgoto da indiferença da cliente. Maldita máquina!
_ JC: “Menina” por que não avisou que a máquina estava assim? Eu teria vindo preparado e já tinha resolvido o assunto. Agora só segunda-feira.
_ A cliente: Está bem senhor JC, isto aguenta até segunda-feira.
O nosso amigo, abalado pelo sorriso amarelo da cliente, compromete-se então a brevemente dar solução a tanta chiadeira. E saiu porta fora desejando um bom fim de semana. A cliente nem respondeu.
Já na rua, olhou para o relógio e viu que ainda só era meio-dia e pouco. Tinha executado todas as tarefas programadas, mas aquele sorriso amarelo da sua cliente não lhe saía da cabeça.
Deu-lhe a fome, atravessou a rua e entrou numa pastelaria. Pediu um sumo, uma Sandwich de panado de porco (havia também de peru) e um salgado. O empregado de balcão era tão solícito, deve ter tirado vinte valores na cadeira da simpatia, e dirigindo-se ao JC perguntou:
_ Está tudo do seu agrado?
O nosso amigo olhou para o empregado com os dentes no panado e o pensamento no sorriso amarelo da cliente e respondeu:
_ O Senhor disse que o panado era de fiambre?
_ Não, não ! É de porco, também havia de peru...
O JC, ardendo por dentro, usou o sumo para deglutir tanto pão e pensou em voz baixa:
_ Pois é, o fiambre também é feito de carne de porco. Nunca comi panado tão fino.
Pagou e saiu. Dirigiu-se ao carro, abriu a mala, tirou lá de dentro uma lata de óleo spray milagroso e voltou à sua cliente.
_ JC: “ Menina”, sou eu novamente, fui comprar esta latinha e vou já resolver a chiadeira da máquina.
A cliente, surpreendida, exclamou:
_ Ai, mas o senhor é excepcional! Só mesmo o senhor! Muito obrigada!
Duas esguichadas e acabou-se o pio da maldita máquina. O nosso amigo, de olhar altivo, e orgulho elevado, diz para a cliente:
_ “Menina”, agora já está resolvido, experimente lá, veja como está suave a sua máquina.
E ela experimentou, abriu um largo sorriso, e de olhar enternecido agradeceu:
_ Muito obrigada, só mesmo você! Isto é que é atendimento! Senhor JC, o senhor é encantador, mais uma vez muito obrigada.
O nosso amigo, de sorriso largo e brilhosinho nos olhos, dirige-se à porta acompanhado pela sua cliente que não parava de exclamar “bom fim-de-semana”; obrigada, “bom fim-de-semana”, obrigada!
Este tipo é mesmo um tretas!
Joaquim Marques
16 de Março de 2007
Contou-me, em surdina, uma personagem das minhas relações, a história que em seguida vou reproduzir.
Estávamos numa bela manhã duma solarenga sexta-feira de Março, no caos do trânsito de Lisboa, em pleno Marquês de Pombal, quando o nosso amigo JC, atarefado com o relógio e a pressa em voltar a ficar sem ter nada para fazer, visita uma das suas clientes. Entregou a encomenda, acrescentou charme bastante, e vai quando a amável cliente lhe pede para verificar um equipamento.
_ Sabe, senhor JC, diz a cliente, esta máquina chia por todos os lados.
_ JC: Não me diga, “menina”, que aborrecido!
Experimentou ele a máquina e chiava mais ainda nas suas mãos do que parecia nas mãos da adorável cliente. Estava o caldo entornado! Tanto charme jogado pró ralo do esgoto da indiferença da cliente. Maldita máquina!
_ JC: “Menina” por que não avisou que a máquina estava assim? Eu teria vindo preparado e já tinha resolvido o assunto. Agora só segunda-feira.
_ A cliente: Está bem senhor JC, isto aguenta até segunda-feira.
O nosso amigo, abalado pelo sorriso amarelo da cliente, compromete-se então a brevemente dar solução a tanta chiadeira. E saiu porta fora desejando um bom fim de semana. A cliente nem respondeu.
Já na rua, olhou para o relógio e viu que ainda só era meio-dia e pouco. Tinha executado todas as tarefas programadas, mas aquele sorriso amarelo da sua cliente não lhe saía da cabeça.
Deu-lhe a fome, atravessou a rua e entrou numa pastelaria. Pediu um sumo, uma Sandwich de panado de porco (havia também de peru) e um salgado. O empregado de balcão era tão solícito, deve ter tirado vinte valores na cadeira da simpatia, e dirigindo-se ao JC perguntou:
_ Está tudo do seu agrado?
O nosso amigo olhou para o empregado com os dentes no panado e o pensamento no sorriso amarelo da cliente e respondeu:
_ O Senhor disse que o panado era de fiambre?
_ Não, não ! É de porco, também havia de peru...
O JC, ardendo por dentro, usou o sumo para deglutir tanto pão e pensou em voz baixa:
_ Pois é, o fiambre também é feito de carne de porco. Nunca comi panado tão fino.
Pagou e saiu. Dirigiu-se ao carro, abriu a mala, tirou lá de dentro uma lata de óleo spray milagroso e voltou à sua cliente.
_ JC: “ Menina”, sou eu novamente, fui comprar esta latinha e vou já resolver a chiadeira da máquina.
A cliente, surpreendida, exclamou:
_ Ai, mas o senhor é excepcional! Só mesmo o senhor! Muito obrigada!
Duas esguichadas e acabou-se o pio da maldita máquina. O nosso amigo, de olhar altivo, e orgulho elevado, diz para a cliente:
_ “Menina”, agora já está resolvido, experimente lá, veja como está suave a sua máquina.
E ela experimentou, abriu um largo sorriso, e de olhar enternecido agradeceu:
_ Muito obrigada, só mesmo você! Isto é que é atendimento! Senhor JC, o senhor é encantador, mais uma vez muito obrigada.
O nosso amigo, de sorriso largo e brilhosinho nos olhos, dirige-se à porta acompanhado pela sua cliente que não parava de exclamar “bom fim-de-semana”; obrigada, “bom fim-de-semana”, obrigada!
Este tipo é mesmo um tretas!
Joaquim Marques
16 de Março de 2007
quinta-feira, 15 de março de 2007
… Assim foi
(…)
Foi assim no outro dia
Foi como não era
E a verdade veio fria
Veio e derreteu-se a cera.
Depois chorei lágrimas
E inundei-me de dor
E quis criar em mim
A garra firme do açor.
E Deus a quem apelo
E Tu Senhor que amo
Prefere-me no teu zelo
À vida do velho gamo.
Pois foi assim no outro dia.
Esqueci, esqueço e penso
E quero ser a pradaria
Onde reina o bom senso.
(…)
… Assim quero ser.
Joaquim Marques
(…)
Foi assim no outro dia
Foi como não era
E a verdade veio fria
Veio e derreteu-se a cera.
Depois chorei lágrimas
E inundei-me de dor
E quis criar em mim
A garra firme do açor.
E Deus a quem apelo
E Tu Senhor que amo
Prefere-me no teu zelo
À vida do velho gamo.
Pois foi assim no outro dia.
Esqueci, esqueço e penso
E quero ser a pradaria
Onde reina o bom senso.
(…)
… Assim quero ser.
Joaquim Marques
Os cortinados com
Listas verticais
Dão uma sensação de altura.
Mas os cortinados com
Listas horizontais
Diminuem a sensação
Normal de uma pessoa
Sensata num quarto normal
Eu não gosto de camisas
Às listas, porque
Não tenho sensações normais
Neste mundo que não é sensato,
Neste mundo que é
Plano e achado
E é numa bola azul
Com 12 700 Km de diâmetro
E não é nada
Visto de Neptuno.
Joaquim Marques
Listas verticais
Dão uma sensação de altura.
Mas os cortinados com
Listas horizontais
Diminuem a sensação
Normal de uma pessoa
Sensata num quarto normal
Eu não gosto de camisas
Às listas, porque
Não tenho sensações normais
Neste mundo que não é sensato,
Neste mundo que é
Plano e achado
E é numa bola azul
Com 12 700 Km de diâmetro
E não é nada
Visto de Neptuno.
Joaquim Marques
quarta-feira, 14 de março de 2007
Fixo a ideia do meu pensar
Naqueles momentos vividos.
Curtos e perseguidos
Pela sorte e pelo azar.
Fixo a palavra da carta escrita,
Diferente desta ideia da vida
Que no futuro vejo aflita.
E a escrita daquelas palavras
Perseguidas
É a fuga que me encarcera
Sob o jugo indefinido
Da sorte e do azar –
O jugo desta ideia
Que tento contrariar.
Joaquim Marques
Naqueles momentos vividos.
Curtos e perseguidos
Pela sorte e pelo azar.
Fixo a palavra da carta escrita,
Diferente desta ideia da vida
Que no futuro vejo aflita.
E a escrita daquelas palavras
Perseguidas
É a fuga que me encarcera
Sob o jugo indefinido
Da sorte e do azar –
O jugo desta ideia
Que tento contrariar.
Joaquim Marques
Que devo eu fazer
Amiga
Nestas alturas de pensamentos perdidos?
Pensar a vida:
Pequenos momentos de disputa desmedida
Das ideias,
Do parecer que não é ao nosso querer;
Pensar nesta garganta
Donde a pequenina voz
Já sem forças ainda se levanta;
Pensar a incógnita
Deste querer de justiça activa;
Pensar que de repente sou uma ave:
Que devo eu fazer?
- É difícil aprender a voar!
Joaquim Marques
Amiga
Nestas alturas de pensamentos perdidos?
Pensar a vida:
Pequenos momentos de disputa desmedida
Das ideias,
Do parecer que não é ao nosso querer;
Pensar nesta garganta
Donde a pequenina voz
Já sem forças ainda se levanta;
Pensar a incógnita
Deste querer de justiça activa;
Pensar que de repente sou uma ave:
Que devo eu fazer?
- É difícil aprender a voar!
Joaquim Marques
terça-feira, 13 de março de 2007
Vi um rapaz
subir a uma árvore.
O cão ladrava
e o rapaz subia à árvore
e a árvore não era minha
e eu já tinha subido aquela árvore.
Decididamente o cão ladrava,
sem parar, ladrava, ladrava...
E eu parado olhava
olhava a figura triste que fiz
que todos fazem, que o rapaz fazia.
E o cão ladrava.
E eu observava:
Penas ! Foram só penas!
Não! Não foram só penas!
Foi carne, foi vida,
foi o fado de um pardal.
E eu parado olhava
A figura triste que fiz.
Ódio, pedras, paus,
gritos, berros...
ai malandro que!...
não o apanharia jamais.
E o pardal estava morto
e o rapaz tinha fome!
Joaquim Marques Cruz
subir a uma árvore.
O cão ladrava
e o rapaz subia à árvore
e a árvore não era minha
e eu já tinha subido aquela árvore.
Decididamente o cão ladrava,
sem parar, ladrava, ladrava...
E eu parado olhava
olhava a figura triste que fiz
que todos fazem, que o rapaz fazia.
E o cão ladrava.
E eu observava:
Penas ! Foram só penas!
Não! Não foram só penas!
Foi carne, foi vida,
foi o fado de um pardal.
E eu parado olhava
A figura triste que fiz.
Ódio, pedras, paus,
gritos, berros...
ai malandro que!...
não o apanharia jamais.
E o pardal estava morto
e o rapaz tinha fome!
Joaquim Marques Cruz
segunda-feira, 12 de março de 2007
Ruim é o pensamento
As palavras
Os sons do silêncio
Numa pauta de actos.
São todos e nenhuns
Como a tinta que imprimo
Como todos os versos
Que afino.
E eu sou diferente
De mim
E sou ruim
E sou igual ao pensamento
E às palavras
Que grito bem alto no
Silêncio dos sons.
E eu sou igual a eles, mas
Como eu sou diferente
De mim
Todos eles são diferentes
De mim e deles
E eu adoro-os assim.
Joaquim Marques
As palavras
Os sons do silêncio
Numa pauta de actos.
São todos e nenhuns
Como a tinta que imprimo
Como todos os versos
Que afino.
E eu sou diferente
De mim
E sou ruim
E sou igual ao pensamento
E às palavras
Que grito bem alto no
Silêncio dos sons.
E eu sou igual a eles, mas
Como eu sou diferente
De mim
Todos eles são diferentes
De mim e deles
E eu adoro-os assim.
Joaquim Marques
Fiquei cansado
Da feliz tristeza d’outro dia?
- Não sou assim como imaginam!
Sinto é tristeza
Ao contemplar um acto heróico
De ser o dever merecido
Igual
Ao de quem lhe dá outro sentido.
É por isso que sou feliz
Sendo triste
Quando sou o dever merecido
- Não lhe sei dar outro sentido!
Joaquim Marques
A Heroísmo 08/11/82
Da feliz tristeza d’outro dia?
- Não sou assim como imaginam!
Sinto é tristeza
Ao contemplar um acto heróico
De ser o dever merecido
Igual
Ao de quem lhe dá outro sentido.
É por isso que sou feliz
Sendo triste
Quando sou o dever merecido
- Não lhe sei dar outro sentido!
Joaquim Marques
A Heroísmo 08/11/82
domingo, 11 de março de 2007
É tarde, muito tarde...
É cedo, tão cedo...
Tão cedo que a sede tardou em saciar-se.
Mas só agora
Vim a chegar
Para ler devagar
e ouvir
e deixar
que a emoção se manifestasse
numa lágrima,
que ao sentir,
como que o meu coração falasse,
Brotou e continuou o seu lacrimejar
Por eu ter percebido
que o que te quis dizer
Foi entendido.
Joaquim Marques A Cruz
Bicesse, 14 de Agosto de 2001
É cedo, tão cedo...
Tão cedo que a sede tardou em saciar-se.
Mas só agora
Vim a chegar
Para ler devagar
e ouvir
e deixar
que a emoção se manifestasse
numa lágrima,
que ao sentir,
como que o meu coração falasse,
Brotou e continuou o seu lacrimejar
Por eu ter percebido
que o que te quis dizer
Foi entendido.
Joaquim Marques A Cruz
Bicesse, 14 de Agosto de 2001
sábado, 10 de março de 2007
Não tenho nada para fazer
E todos sabem
Que assim gosto de ser
Mas quando me pedem uma explicação
Dou sempre uma e outra razão
Sem conseguir dar
Mas é a minha maneira de ser
De olhar a vida e entender
Que tudo o resto é frívolo
Que pouco me importam as obrigações
O que me interessa é
Esta pressa
De ficar quieto a pensar.
Joaquim Marques
E todos sabem
Que assim gosto de ser
Mas quando me pedem uma explicação
Dou sempre uma e outra razão
Sem conseguir dar
Mas é a minha maneira de ser
De olhar a vida e entender
Que tudo o resto é frívolo
Que pouco me importam as obrigações
O que me interessa é
Esta pressa
De ficar quieto a pensar.
Joaquim Marques
A minha casa é querida
Mas nestes dias não tem vida
E o que falta realizar
É a arte de estar
Rodeado de quem foi
Mas que irá sempre voltar
E também muito gostar
De quem ainda não veio
E que com esperança anseio.
E o meu sonho realizado
É viver assim rodeado
De mim e dos meus
Que com ajuda do Bom Deus
Farão desta casa calada
Aquela grande festa anunciada
Pelos sonhos do meu querer
A minha razão de viver
Todos os dias a toda a hora
Nas tardes chuvosas como a de agora
Nas noites frias como as de amanhã
Nos dias quentes como os de Outrora.
Lá fora chove
Está neblina e chove
O cantar dos pardais e das rolas parou
Há uma goteira no sótão
Há mais preocupações lá em baixo.
Mas nada mais importante
Que esta quietude constante
Que esta paz que não necessito
Por isso mesmo repito:
É com esperança que anseio
Quem foi e quem ainda não veio.
Bicesse 05-10-2001
Joaquim Marques
Mas nestes dias não tem vida
E o que falta realizar
É a arte de estar
Rodeado de quem foi
Mas que irá sempre voltar
E também muito gostar
De quem ainda não veio
E que com esperança anseio.
E o meu sonho realizado
É viver assim rodeado
De mim e dos meus
Que com ajuda do Bom Deus
Farão desta casa calada
Aquela grande festa anunciada
Pelos sonhos do meu querer
A minha razão de viver
Todos os dias a toda a hora
Nas tardes chuvosas como a de agora
Nas noites frias como as de amanhã
Nos dias quentes como os de Outrora.
Lá fora chove
Está neblina e chove
O cantar dos pardais e das rolas parou
Há uma goteira no sótão
Há mais preocupações lá em baixo.
Mas nada mais importante
Que esta quietude constante
Que esta paz que não necessito
Por isso mesmo repito:
É com esperança que anseio
Quem foi e quem ainda não veio.
Bicesse 05-10-2001
Joaquim Marques
sexta-feira, 9 de março de 2007
O voo das gaivotas
Apesar de tudo
a atmosfera é tão grande!
E mesmo assim
há aviões que chocam no ar.
Os passarinhos do mar
que gozam no ar
e procuram nos bocadinhos cintilantes
da imensa superfície líquida
um peixe para comer,
sabem parar e virar
para não chocarem no ar
e virem depois a serem comidos pelos peixes.
Deve haver lá em baixo,
no fundo do mar,
alguns peixes impacientes
que esperam que os aviões choquem no ar.
Tenho a certeza que o voo dos passarinhos os irrita.
Joaquim Marques Cruz
A H 10 06 1984
Apesar de tudo
a atmosfera é tão grande!
E mesmo assim
há aviões que chocam no ar.
Os passarinhos do mar
que gozam no ar
e procuram nos bocadinhos cintilantes
da imensa superfície líquida
um peixe para comer,
sabem parar e virar
para não chocarem no ar
e virem depois a serem comidos pelos peixes.
Deve haver lá em baixo,
no fundo do mar,
alguns peixes impacientes
que esperam que os aviões choquem no ar.
Tenho a certeza que o voo dos passarinhos os irrita.
Joaquim Marques Cruz
A H 10 06 1984
Vejo água, patos, peixes,
Padrões
Vejo árvores, luzes, velhos
Convenções
Vejo terra, pedras, caminhos
Construções
Vejo água, patos e peixes
Sem padrões
Vejo meninos, meninas, inocentes
Mil razões
Vejo beijos, carícias, abraços
Antevisões
Vejo imagens, reflexos
Obscuridade das nações
Vejo em mim um impasse,
Um obstáculo e
Mil razões.
Joaquim Marques
Padrões
Vejo árvores, luzes, velhos
Convenções
Vejo terra, pedras, caminhos
Construções
Vejo água, patos e peixes
Sem padrões
Vejo meninos, meninas, inocentes
Mil razões
Vejo beijos, carícias, abraços
Antevisões
Vejo imagens, reflexos
Obscuridade das nações
Vejo em mim um impasse,
Um obstáculo e
Mil razões.
Joaquim Marques
quinta-feira, 8 de março de 2007
Ao meu Amigo
E quando de repente ficamos tristes e melancólicos, alheios ao bem recebido, às promessas de novos e gratificantes momentos vindouros, e pensamos em tudo e nada nos ocorre, e mesmo assim não queremos aceitar a simpatia recebida, que fazer?
Uma pausa,
E ler a vida passada,
Suster a raiva anunciada
E lamentar a sorte construída.
Mas se pudesse pedir a um druida
A mágica poção milagrosa
Pedia que a noite fosse airosa
E que o dia renascesse
Outra vez no nosso passado
E talvez assim tivesse calado
As lamúrias do meu interior
E soubesse oferecer o mesmo amor
Da mesma forma cuidada
A quem soubesse entender
Que a vida é feita de nadas
De coisas certas e de trapalhadas
Mas o mais importante
É não duvidar nem só um instante
Da verdade do meu sentir
Da força do meu querer
Da fraqueza do meu entender
Todos os dias do meu devir.
E se com o druida não resultasse,
Procurava o Amigo
E pedia-lhe que ficasse calado
Sereno mas ao meu lado
Ontem hoje e amanhã
Todos os dias a toda a hora
Pois sei que se hoje o coração chora
Outro dia sorrirá sossegado.
Joaquim Marques
Bicesse 16 de Dezembro de 2006
E quando de repente ficamos tristes e melancólicos, alheios ao bem recebido, às promessas de novos e gratificantes momentos vindouros, e pensamos em tudo e nada nos ocorre, e mesmo assim não queremos aceitar a simpatia recebida, que fazer?
Uma pausa,
E ler a vida passada,
Suster a raiva anunciada
E lamentar a sorte construída.
Mas se pudesse pedir a um druida
A mágica poção milagrosa
Pedia que a noite fosse airosa
E que o dia renascesse
Outra vez no nosso passado
E talvez assim tivesse calado
As lamúrias do meu interior
E soubesse oferecer o mesmo amor
Da mesma forma cuidada
A quem soubesse entender
Que a vida é feita de nadas
De coisas certas e de trapalhadas
Mas o mais importante
É não duvidar nem só um instante
Da verdade do meu sentir
Da força do meu querer
Da fraqueza do meu entender
Todos os dias do meu devir.
E se com o druida não resultasse,
Procurava o Amigo
E pedia-lhe que ficasse calado
Sereno mas ao meu lado
Ontem hoje e amanhã
Todos os dias a toda a hora
Pois sei que se hoje o coração chora
Outro dia sorrirá sossegado.
Joaquim Marques
Bicesse 16 de Dezembro de 2006
Dois seios
Podem ser dois primos
Parecidos
A dois irmãos iguais
Ou parecidos aos demais
Queridos
Tanto que sempre são esquecidos
Até se revelarem dois amigos
Que te trazem amiúde preocupação.
Mas no final
Por detrás de cada escoriação
A leveza das suas cicatrizes
Lembrarão
Que eles estarão vivos
E sendo assim: amados
Pela parte do corpo calado
Acariciado,
E devolverão
A paz e a ternura
E com mestria a satisfação
Dos dois em tuas mãos
E rirás de felicidade
Dos nódulos
E da sua crueldade
E... por assim adiante,
Pois a vida é feita a cada instante
E o futuro é já amanhã
E amanhã pensaremos como hoje
Que todos os dias serão diferentes
Porque assim é o pensamento das gentes.
Joaquim Marques Cruz
Bicesse 01 de Março de 2002
Podem ser dois primos
Parecidos
A dois irmãos iguais
Ou parecidos aos demais
Queridos
Tanto que sempre são esquecidos
Até se revelarem dois amigos
Que te trazem amiúde preocupação.
Mas no final
Por detrás de cada escoriação
A leveza das suas cicatrizes
Lembrarão
Que eles estarão vivos
E sendo assim: amados
Pela parte do corpo calado
Acariciado,
E devolverão
A paz e a ternura
E com mestria a satisfação
Dos dois em tuas mãos
E rirás de felicidade
Dos nódulos
E da sua crueldade
E... por assim adiante,
Pois a vida é feita a cada instante
E o futuro é já amanhã
E amanhã pensaremos como hoje
Que todos os dias serão diferentes
Porque assim é o pensamento das gentes.
Joaquim Marques Cruz
Bicesse 01 de Março de 2002
quarta-feira, 7 de março de 2007
Ri-me de mim
E do que eu pensei e senti
Antes e depois
Daqueles socos na parede.
Ri-me das lágrimas
E ri-me a chorar
Desta minha personalidade
Que nem eu sei definir.
Ri-me tanto
Que até tive vergonha de mim
E do princípio desta loucura.
E ri-me porque
Esta foi a forma que ela se apresentou
Segundo a definição
Do meu entender o dicionário
E que de tanto o entender
Tive medo das muitas concepções
Que não sendo minhas
Me fizeram agir assim.
No fundo dos fundos
Sei que as palavras são o meu refúgio
E delas parto para as pessoas
E para as suas concepções enciclopédicas
De englobarem o meu riso
No seu conceito de loucura.
No fundo
O meu riso não existiu
Mas foi um pretexto para falar
Às palavras:
A única razão de ser
Da minha paz agora.
Joaquim Marques
Angra 12/12/83
E do que eu pensei e senti
Antes e depois
Daqueles socos na parede.
Ri-me das lágrimas
E ri-me a chorar
Desta minha personalidade
Que nem eu sei definir.
Ri-me tanto
Que até tive vergonha de mim
E do princípio desta loucura.
E ri-me porque
Esta foi a forma que ela se apresentou
Segundo a definição
Do meu entender o dicionário
E que de tanto o entender
Tive medo das muitas concepções
Que não sendo minhas
Me fizeram agir assim.
No fundo dos fundos
Sei que as palavras são o meu refúgio
E delas parto para as pessoas
E para as suas concepções enciclopédicas
De englobarem o meu riso
No seu conceito de loucura.
No fundo
O meu riso não existiu
Mas foi um pretexto para falar
Às palavras:
A única razão de ser
Da minha paz agora.
Joaquim Marques
Angra 12/12/83
terça-feira, 6 de março de 2007
Dias felizes, dias diferentes
Porque a concepção das situações
Se manifesta
Em toda a facilidade das coisas
E o sentir
Congrega em si
A simplicidade das emoções verdadeiras.
Dias felizes
Muitas vezes ausentes:
Porque a verdade de sentir
Se forma no pensamento das gentes
D’outra forma:
Igual à mentira da facilidade do Ser
Que somos.
Joaquim Marques
Angra do Heroísmo 24/01/84
Porque a concepção das situações
Se manifesta
Em toda a facilidade das coisas
E o sentir
Congrega em si
A simplicidade das emoções verdadeiras.
Dias felizes
Muitas vezes ausentes:
Porque a verdade de sentir
Se forma no pensamento das gentes
D’outra forma:
Igual à mentira da facilidade do Ser
Que somos.
Joaquim Marques
Angra do Heroísmo 24/01/84
segunda-feira, 5 de março de 2007
És órfão – não tens pais.
Engoliste em seco – líquido horrendo.
Foste traído – algo indesejável.
Secou-te a garganta – ficaste mudo.
Engoliste em seco – líquido horrendo.
Foste traído – algo indesejável.
Secou-te a garganta – ficaste mudo.
Mastigaste o intragável!
Nasceste menino – foste educado.
Vergaste o abdómen – gesto sublime.
Criaste ideias – algo incompreensíveis.
Repetiste o gesto – sempre cortês.
Nasceste menino – foste educado.
Vergaste o abdómen – gesto sublime.
Criaste ideias – algo incompreensíveis.
Repetiste o gesto – sempre cortês.
Viveste sobre tectos sensíveis!
Fugiste a menino – nasceu-te a barba
Foram dias de sol – algo tempestuosos
Escalaste encostas – escarpas rochosas
Deste um passo – escorregaste na lama.
Vinha longe o mar de rosas!
Foram dias de sol – algo tempestuosos
Escalaste encostas – escarpas rochosas
Deste um passo – escorregaste na lama.
Vinha longe o mar de rosas!
Joaquim Marques
Que cor tem o vento
Neste dia cinzento?
Tem a cor do carinho
Que se transporta aos ombros do meu vizinho.
E para onde vai ele?
Para onde vais oh vento
Por esse caminho lamacento?
O meu vizinho tem os ombros folgados
E eu estou a vê-lo com cuidados
Pelo postigo da minha janela.
Não vás tu, oh vento
Entrar por aqui adentro
E manchar de cor a minha panela
Onde cozinho carinho com canela
Para cear na companhia dela.
E sabes a quem me refiro, sabes quem é ela?
É aquela que já cá esteve,
A esperança que me reteve,
Nas memórias da sedução.
Mas mesmo pintada de carvão
Terá a mais linda cor do universo
A cor da minha imaginação
Deste amor que canto em cada verso
Mas a que tu, oh vento, és adverso.
Joaquim Marques Cruz
Bicesse 1 de Novembro de 2002
Neste dia cinzento?
Tem a cor do carinho
Que se transporta aos ombros do meu vizinho.
E para onde vai ele?
Para onde vais oh vento
Por esse caminho lamacento?
O meu vizinho tem os ombros folgados
E eu estou a vê-lo com cuidados
Pelo postigo da minha janela.
Não vás tu, oh vento
Entrar por aqui adentro
E manchar de cor a minha panela
Onde cozinho carinho com canela
Para cear na companhia dela.
E sabes a quem me refiro, sabes quem é ela?
É aquela que já cá esteve,
A esperança que me reteve,
Nas memórias da sedução.
Mas mesmo pintada de carvão
Terá a mais linda cor do universo
A cor da minha imaginação
Deste amor que canto em cada verso
Mas a que tu, oh vento, és adverso.
Joaquim Marques Cruz
Bicesse 1 de Novembro de 2002
O teu passado e o meu futuro
Analisados à luz do nosso presente
Condicionam toda a gente
Que de nós se aproxima
Apesar de tanta estima
Que nutrimos um pelo outro.
O nosso amor
Seja ele como for
É nosso e de mais ninguém
E não julgue outro alguém
Que distante pode condicionar
A nossa forma de amar
O nosso plano de viver
Porque sendo nós um só
Somos sem dúvida e sem dó
O presente anunciado
Todos os dias do nosso passado
Dum futuro tão aguardado.
Não permitamos então
Que outro com a sua razão
Determine o nosso afecto
E nos assemelhe ao abeto
Que resignando o essencial
Cresce de folha verde e mimosa
À sombra da copa frondosa
Da floresta tropical.
Eu quero te dizer meu amor
Que seja de que maneira for
Estaremos sempre lado a lado
No futuro como neste presente
Que amanhã já será passado.
Sendo assim
Peço-te que olhes para dento de mim
E sintas nas profundezas do meu olhar
O amor que tenho para te dar
Todos os dias a toda a hora
Todos os presentes de que é composto
Os raios de luz nos sucessivos romper da aurora.
Bicesse, 09 de Março de 2003
Joaquim Marques Cruz
Analisados à luz do nosso presente
Condicionam toda a gente
Que de nós se aproxima
Apesar de tanta estima
Que nutrimos um pelo outro.
O nosso amor
Seja ele como for
É nosso e de mais ninguém
E não julgue outro alguém
Que distante pode condicionar
A nossa forma de amar
O nosso plano de viver
Porque sendo nós um só
Somos sem dúvida e sem dó
O presente anunciado
Todos os dias do nosso passado
Dum futuro tão aguardado.
Não permitamos então
Que outro com a sua razão
Determine o nosso afecto
E nos assemelhe ao abeto
Que resignando o essencial
Cresce de folha verde e mimosa
À sombra da copa frondosa
Da floresta tropical.
Eu quero te dizer meu amor
Que seja de que maneira for
Estaremos sempre lado a lado
No futuro como neste presente
Que amanhã já será passado.
Sendo assim
Peço-te que olhes para dento de mim
E sintas nas profundezas do meu olhar
O amor que tenho para te dar
Todos os dias a toda a hora
Todos os presentes de que é composto
Os raios de luz nos sucessivos romper da aurora.
Bicesse, 09 de Março de 2003
Joaquim Marques Cruz
Foge,
Foge depressa vento
que lá vem a acalmia
que te atormenta.
Oh Natureza
Que me entendeste d’ outra forma,
Que pretendes
Da minha preocupação aturada
sobre ti,
nos teus componentes?
Sou meigo ó vento.
Mas ouve:
quero o meu pensar forte
e ágil,
mas diferente
da tua arrogância tímida.
E o Sol,
oh Natureza,
que pensa o meu pensar
do sol deste dia encoberto?
Sou um sentimental
triste
porque me falta a companhia
hoje ausente
sem sol
neste dia diferente.
Acalma-te
Vento da minha preocupação
porque amanhã
pensarei n’ hoje
e tornarei a pensar assim:
que a Natureza não me entende
nos dias diferentes do meu querer;
sou um sentimental,
amo o presente
apesar das ausências nestes dias.
Joaquim Marques Cruz
A H 04 02 1984
Foge depressa vento
que lá vem a acalmia
que te atormenta.
Oh Natureza
Que me entendeste d’ outra forma,
Que pretendes
Da minha preocupação aturada
sobre ti,
nos teus componentes?
Sou meigo ó vento.
Mas ouve:
quero o meu pensar forte
e ágil,
mas diferente
da tua arrogância tímida.
E o Sol,
oh Natureza,
que pensa o meu pensar
do sol deste dia encoberto?
Sou um sentimental
triste
porque me falta a companhia
hoje ausente
sem sol
neste dia diferente.
Acalma-te
Vento da minha preocupação
porque amanhã
pensarei n’ hoje
e tornarei a pensar assim:
que a Natureza não me entende
nos dias diferentes do meu querer;
sou um sentimental,
amo o presente
apesar das ausências nestes dias.
Joaquim Marques Cruz
A H 04 02 1984
domingo, 4 de março de 2007
Sou poeta de mim mesmo:
falo do que sinto
e sinto o que penso
e choro com força
as forças que não tenho
para cantar o que penso.
Sou poeta de mim mesmo
e do que observo
na vida da vida
do meu pensar libertino.
Todas as coisas
e as situações que formam as coisas
fazem parte do meu pensar
por isso é que as choro
quando canto sobre mim.
Não consigo suster a força que sinto
todos os momentos
em que penso sobre tudo
e me apetece chorar
cantando
sendo poeta de mim mesmo.
Joaquim Marques Cruz
falo do que sinto
e sinto o que penso
e choro com força
as forças que não tenho
para cantar o que penso.
Sou poeta de mim mesmo
e do que observo
na vida da vida
do meu pensar libertino.
Todas as coisas
e as situações que formam as coisas
fazem parte do meu pensar
por isso é que as choro
quando canto sobre mim.
Não consigo suster a força que sinto
todos os momentos
em que penso sobre tudo
e me apetece chorar
cantando
sendo poeta de mim mesmo.
Joaquim Marques Cruz
Sonhei e senti
Sonhei o que em ti vivi
Sonhei a ternura
Do teu gesto singelo
Da força do teu tacto
Do encanto do teu abraço
Das palavras a compasso
Que acalmaram a minha angústia.
Sonhei-te com outra pronúncia.
E consegui.
E encontrei-me em ti.
E acordei do sonho que vivi
E não quero mais sair de ti
Do teu mundo encantado
Do meu sonho acordado.
Agora sonho pelos outros
Por quem de ti precisa e não te encontra
Por tantos ou tão poucos
E não interessa onde estão
Nem tão pouco a sua razão.
Sonho que no mundo haja compreensão.
Eu sou um ser humano com sorte
Por ter achado em ti o meu norte.
Joaquim Marques Cruz
04 de Março de 2007
Sonhei o que em ti vivi
Sonhei a ternura
Do teu gesto singelo
Da força do teu tacto
Do encanto do teu abraço
Das palavras a compasso
Que acalmaram a minha angústia.
Sonhei-te com outra pronúncia.
E consegui.
E encontrei-me em ti.
E acordei do sonho que vivi
E não quero mais sair de ti
Do teu mundo encantado
Do meu sonho acordado.
Agora sonho pelos outros
Por quem de ti precisa e não te encontra
Por tantos ou tão poucos
E não interessa onde estão
Nem tão pouco a sua razão.
Sonho que no mundo haja compreensão.
Eu sou um ser humano com sorte
Por ter achado em ti o meu norte.
Joaquim Marques Cruz
04 de Março de 2007
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