sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Reclamação

Que se dane a poesia
escreva eu com mais ou menos mestria
isto não dá, nem para comer...
hoje, na rua Augusta, a descer
do Rossio ao terreiro do Paço
fiz três paragens a ver três artistas de rua
muitos transeuntes, alguns nem abrandavam o passo
mas muitos, como eu, aplaudíamos a arte sua
com uma moedinha na cesta.
Aqui, na internet, a maior rua do mundo
tenho clientes fieis, diários, devem gostar do que faço
não deixam é moedinhas... dinheirinho para comprar os feijões
sim, que isto de viver da poesia é só ilusões
tenho pensado nisto, pensado nos leitores, pensado só cá com meus botões
hoje, não quero escrever poesia, escrevo-vos reclamações.

Joaquim Marques