domingo, 15 de janeiro de 2012

Quando vieres
Já não me vais encontrar
Nem o abraço que me deres me vai ressuscitar.

Eu fui aquele que conheceste
Mas a aparência que vou demonstrar
Não é a da mesma pessoa.
Hoje sou como um cipreste
Que ornamenta o lugar do morto
Mas que se recusa a crescer verde e torto
Por isso estou alto e esguio
Para fugir aos lamentos
Dos que me visitam com fastio.

Quando me sentires assim
Não queiras mais uma vez fugir de mim.
Aceita-me diferente
Igual a toda a gente
E tenta imaginar como foi difícil ficar
Preso a este lugar
Movendo-me ao sabor do vento
Tudo isto para te provar
Que é possível um novo entendimento
Enraizado nesta espera
Com vontade de te voltar a abraçar.

Morri
Por ti e pela recordação
Pelo silêncio
E pelos lamentos do meu coração.

Morri... vivo de outra forma
Vivo enquanto se forma
O esqueleto do meu novo pensamento
Que não deseja mais passar pelo tormento
De te ouvir lá longe
Como um lamento.

Quando vieres
Abraça-me só uma vez
E tenta ser cortês
Comigo e com a minha presença.
Quando me abraçares
Peço-te que o faças levemente
E então
Compreenderás
Que eu estou diferente.
Mas ao sentires o meu coração
Saberás que mesmo assim
Vou te amar eternamente.

Joaquim Marques Cruz