sábado, 14 de junho de 2008

Livro III Poema 39

Não me vejas como vês um louco
não sou comum, sou navio à deriva sem apresto
sou tão boa gente, tão bom que não presto
vagueio por aí como animal selvagem num couto
enfrento a tempestade e o arresto
escorre-me o líquido da fortuna pelos orifícios do cesto
vivo tão intensamente morrendo pouco a pouco
ser óbvio é coisa que detesto
se me olhas e queres ver, olha-me no contexto
aceito-te no amor e no desgosto.


Joaquim Marques