sábado, 23 de fevereiro de 2008

Livro III Poema 10

Quando nada inquieta o poeta
que há em cada um de nós
quando a despreocupação lhe cala a voz
para uma pausa circunspecta
é a tristeza que vem por não se entender a razão
porque é que o poeta fica momentaneamente sem inspiração.
Escreve e apaga palavras sem tino
é um emaranhado de ideias em desalinho
é como andar a cambalear
com o mundo desabando à sua volta
sem sentir forças até para a revolta.
Poeta só do amor, só do belo e do seu esplendor
escriba só do enaltecer
é coisa que alguns não sabem ser
porque o não sentem, nem sonham e por isso não mentem.
Estar poeta em hibernação
é a uma tentação, que acaba em frustração
então
é preferível que venha de novo a inquietação
para que não seja, o poeta, abandonado pela inspiração.

Joaquim Marques