sábado, 5 de outubro de 2013

Supérfluo

Há dias, como os presentes, que não quero que me leias
nem que me sintas nas palavras publicadas
nada há de mais supérfluo que as palavras que publico
há dias em que não sei fazer mais nada senão ficar a imaginar-te calada
aí, assim especada, a ler o que não consegues entender
e eu aqui calado, envergonhado por não saber escrever com alegria a dor que sinto.
Nunca irei publicar em papel, não tenho valor comercial
nem dinheiro para igualar a vaidade dos que fazem edições de autor
não me imagino a distribuir livros meus a amigos que não tenho
ou a fazer sessões de autógrafos para uma plateia vazia
prefiro, então, que me leias aqui, é mais confortável para ambos
eu não sei quem és, tu pensas que sabes quem sou.
Estamos já no século vinte e um, no ano treze em Outubro
ando triste, por nós: por mim, pelo Joaquim e por ti, que perdes tempo a ler-me aqui.

Joaquim Marques AC