nem se esquece ou esmorece
quem nele por sorte tropece
no tempo próprio do advento da partilha
do nosso eu, uma minúscula ilha
de mar calmo rodeada, temperada
de carícias e carinhos dados e aceitados
representados por mil beijos beijados
na ilha da vida
(paisagens e recantos e músicas e encantos)
e que por negra magia, um dia,
assumiu-se, unilateralmente terminaria.
Mas, não termina
permanece, mói, dói e aquece
as mãos gélidas , unidas em prece
e do brilho do olhar soltam-se gotículas a chorar
sentimentos magoados de mágoas quentes
ferventes, ondulantes tempestades de querer
de um sentimento como aquele, senti-lo partir para vê-lo morrer...
Mas, não morre
nem envelhece,
o pensamento que pensa que o esquece
só o engrandece.
Um sentimento assim, que a sorte um dia te trouxe
guarda-o, estima-o, porque um dia
terás uma bonita maneira de dizer o mesmo
e mesmo quem não saiba do que se trata,
saberá que o tratas com mestria,
sabendo-se, como já se sabia,
que um sentimento assim nunca morreria.
Joaquim Marques AC
03-10-2010