segunda-feira, 4 de outubro de 2010

No pulsar dos dedos

Um sentimento assim não morre
nem se esquece ou esmorece
quem nele por sorte tropece
no tempo próprio do advento da partilha
do nosso eu, uma minúscula ilha
de mar calmo rodeada, temperada
de carícias e carinhos dados e aceitados
representados por mil beijos beijados
na ilha da vida
(paisagens e recantos e músicas e encantos)
e que por negra magia, um dia,
assumiu-se, unilateralmente terminaria.

Mas, não termina
permanece, mói, dói e aquece
as mãos gélidas , unidas em prece
e do brilho do olhar soltam-se gotículas a chorar
sentimentos magoados de mágoas quentes
ferventes, ondulantes tempestades de querer
de um sentimento como aquele, senti-lo partir para vê-lo morrer...

Mas, não morre
nem envelhece,
o pensamento que pensa que o esquece
só o engrandece.

Um sentimento assim, que a sorte um dia te trouxe
guarda-o, estima-o, porque um dia
terás uma bonita maneira de dizer o mesmo
e mesmo quem não saiba do que se trata,
saberá que o tratas com mestria,
sabendo-se, como já se sabia,
que um sentimento assim nunca morreria.


Joaquim Marques AC
03-10-2010