domingo, 6 de julho de 2008

Livro III Poema 48

Desta praia deserta parto à descoberta
do mar profundo onde naufragou o pensamento
quero-te resgatado, salvo e guardado
na cabana onde me abrigo
vozes que não ouço, serenidade excedente,
passa por mim o tempo arrastado pela da corrente
olho o mar, olho para lá do naufragar
algo nos une, sei que une, é uma pequena bolha de ar
deixei-ta enquanto pensava que pensar é navegar
ir além do meu sonhar, ir para lá de onde termina o mar
diz-me pensamento, enquanto bóias, é a esta praia que vais dar?


Joaquim Marques