segunda-feira, 30 de junho de 2008

Livro III Poema 44

Passa resignado o Tempo por mim
indiferente ao contador dos tempos, permaneço observador
da transformação que aos outros é imposta
chamam-lhe evolução, eu analiso-a nos ensinamentos da cinemática*:
É como um filme sem fim, projectado numa sala iluminada
onde me entretenho entre um bago de pipoca e um golo de cola
paciente, sorrio às cenas do Tempo, aos seus sons em movimento
faço intervalos, deixo a sala e na escuridão do Tempo embarco no seu movimento
regresso com mais um balde de pipocas
e ali fico sorrido à técnica do Director respeitando o argumento
daquele que foi o fazedor do Tempo
até agora é tudo uma iteração
o Afonso que me concebeu, morreu, e já está de novo em gestação
não sei porque o Tempo que passa não passa de uma repetição
ao que os comuns chamam evolução.
Serei mortal na perspectiva do ser normal
sou antes um adversário do Tempo na perspectiva do meu pensamento.


Joaquim Marques
*capitulo da mecânica que estuda o movimento independentemente das forças que o produzem ou modificam.