domingo, 13 de abril de 2008

Livro III Poema 22

Da minha janela vejo o meu jardim
e o jardim do vizinho
e as roupas estendidas da vizinha
e uns telhados mais à frente
e um mar azul lá ao fundo
e a costa.
Mas à noite só vejo o escuro
e as luzes acesas
e o farol do Cabo Espichel.
Vejo mais longe de noite que de dia
talvez seja por estar habituado a fechar os olhos
e a contar as sardas finas que tens no rosto
e as vezes que as beijei
até te sinto o cheiro perfumado
e até o almiscarado
que me ficava nos dedos atrevidos.
É tão real a luz do farol do Cabo Espichel
como a luz que irradia dos teus olhos na minha imaginação.
Amanhã, de dia, não verei o farol
mas espero, como ontem e hoje
ver o teu sol iluminar-me a vida.

Joaquim Marques