segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Existir devia ser o contrário de desistir
mas, não é!
Sendo o que é, existo desistindo de muito
forçado, contudo resignado
desisto de existir no fado
forçando a ideia do meu enfado
a existir calado
desistindo de mim.

Joaquim Marques AC

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Meio dia cheio de nada
Meia hora parada
Meio mundo presente

E a minha vida ausente.


Joaquim Marques

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Para ti, que não te conheço.

Quero escrever-te um poema
Um escrito singular
Que reflicta em ti a serenidade que sinto no ar
Quero que seja uma bomba
Estrondosa como o som de um trovão
Que te envolva,
Te engula e cristalize
Como na lava de um vulcão.
Mas não consigo
Não sei fazer coisas por encomenda
Apelo à minha sensibilidade
Apelo à inspiração
E nada.
Só me saem estas linhas, estas palavras soltas
Estas rimas ocas
Sem conteúdo, sem emoção
Sem alma nem coração.
Mas eu estou bem, calmo, tranquilo, em paz
E quando estou assim não sou capaz...
Tu estás a ler
Agora
E nada te acontece, nada te estremece
Não leste aqui nada de belo, triste ou eufórico
Nada de metafórico
A não ser esta minha paz e a vontade de que me leias.

Sinto tanta falta de ti e não sei quem és.


Joaquim Marques

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Sinto-te na minha tristeza
sinto-te tanto meu amor
sinto-te na dor, na tua meu amor.
Nesta noite cálida e seca
choram os pirilampos da lagoa
e a aurora cobrirá de orvalho as avencas
serão as lágrimas que não consegui suster
a noite inteira acordado até ao alvorecer
à tua espera, à espera que desças daquelas estrelas cadentes
e te venhas aninhar no meu colo, definitivamente.

domingo, 1 de agosto de 2010

Conjugam-se os factores
Amores, desamores, dores interiores
Desalentos, intensos odores
Farejados à distância
Nos Agostos dos meus desgostos
Uma penitência de vida cumprida
Nadando em espiral
Esquivo-me ao buraco negro do mal
Mas, não tenho público no meu espectáculo.
Se um dia sentir em mim um cancro
Não vou dizer a ninguém
Não quero cuidados paliativos no hospital
Nem quero carpideiras no meu funeral
Habituei-me tanto ao silêncio em vida
Quero vivê-lo na partida também.

Joaquim Marques AC