segunda-feira, 30 de abril de 2007

Quero escrever
A cantar o teu sono encantado
De sentimentos simples.

Fixo a cada momento
A tua expressão esquecida
Como num sonho de um sono que tive.
Fixo esta meiguice
Que o pensar me encarcera
Sob a ideia da personalidade que não és agora
E que ao contrastar em ti
Te define.
É meigo o teu sono encantado
Porque quis que eu fosse espectador.


Joaquim Marques

domingo, 29 de abril de 2007

As letras compõem as palavras
E estas as ideias que dão forma
Às diferentes situações
Do nosso viver continuado.

As palavras
Contêm tantas ideias
Que, diferentes,
Justificam a situação
Que a ambiguidade do nosso querer
Ocasionou.

E a pacatez da ideia,
Simples como o pensar,
Fomenta a dualidade interpretável da situação,
E esta
Que nasceu dos ensinamentos
Do nosso viver continuado,
Sendo real
Não poderá ser interpretada de outra forma.


Joaquim Marques

sábado, 28 de abril de 2007

A véspera,
O sentimento da véspera
Aquela sensação de espera
Daquilo que quero
Que seja a minha nova Era.

Hoje é um dos meus dias de véspera.
Espero que vás
Espero-te na volta
Espero-me a mim mesmo
Nesta revolta
Nesta paz ansiosa
Nesta tranquilidade amistosa.

Hoje nesta minha véspera
Penso na véspera dos outros
E assim desvio a atenção
Deste sentimento de prisão
Na véspera da minha liberdade.
Penso com saudade
Na véspera do meu Natal de menino
Penso com carinho
Na véspera do último dia de faculdade.
Penso na crueldade
Na véspera de quem está no corredor da morte.
Penso nos jovens que jogam a sua sorte
Na véspera do seu casamento.
Penso no tormento
Da jovem mãe com o seu filho nos braços
Na véspera da operação.
Penso nessa aflição.

Penso em ti
Na dor que em mim senti
Penso em tudo
E penso em nada
Penso-te na minha vida recomeçada.

Vai-te embora ó véspera!
Que eu amanhã estarei aqui
E nunca mais pensarei em ti.


Joaquim Marques

sexta-feira, 27 de abril de 2007

Recordarás sempre
Momentos de ti
Enquanto julgares o teu pensar
Diferente dos outros.


Joaquim Marques

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Ei!
Ouçam lá com atenção:
Eu não sou poeta
Nem tenho essa pretensão!

Terei que repetir isto até à exaustão?

Já me não basta a preocupação
De ter uma vida
A forma como sinto o meu olhar
Os sentimentos
Que me fazem cantar,
Sorrir,
Chorar,
E ainda ter que me comparar
Com outros seres iluminados
Com os seus textos publicados
De um lirismo surpreendente
Por todos reconhecido
Como é evidente!

Não sou poeta
E acabou-se a confusão!
Não queiram fazer do pedreiro
Um engenheiro,
Cada um na sua função!

Só aceito ser
Poeta de mim mesmo,
Poeta dos outros não!


Joaquim Marques

quarta-feira, 25 de abril de 2007

As impressões desta manhã
São vazias
Como as ruas da cidade
Como o eco das salvas dos canhões
Daquele regimento que comemora a República.

Vazias porque à deriva
Aquele cachorro dobrou a esquina
À procura do alimento
Deste seu entender:
O osso feito ilusão que o carro do lixo transporta
Aos ombros da calçada.

Vazias porque o gesto
Daquele polícia sinaleiro
Não orienta o trânsito
mas a necessidade da recompensa mensal.

Vazias porque me não entendo
Aqui sentado e estrangeiro
Sobre esta cadeira
Naquela esplanada
Da outra cidade que comemora a República.


Joaquim Marques

terça-feira, 24 de abril de 2007

Por entre os pingos da chuva
Serpenteio a minha vida
Por esta borrasca adentro
Ao encontro do meu Verão.

De vez em quando sou apanhado
Pingo aqui,
Pingo ali,
Mas não estou molhado,
Sinto é alguma humidade,
A única que me atrapalha
Nesta minha caminhada.


Joaquim Marques

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Oi
Você está aí?
Faz tanto tempo que eu não vinha aqui
Fazer esta pergunta idiota
Mesmo sabendo que a minha pergunta não teria Resposta
E que o meu silêncio foi um discurso imenso
De risos e sofrimento
De alegrias atrapalhadas
Esfumadas numa névoa de incenso.

Joaquim Marques

domingo, 22 de abril de 2007

Suspiros
Suspiros de fugida
Suspiros de saída
Das emoções mais recônditas
Que preocupam o sentimento
De quem pensa

Para além daquilo que queria


Joaquim Marques

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Há alturas
Em que me embebedo
Em pensamentos
Sucessivos e diferentes
E ricos de uma mística própria.
Então,
Quando dou por mim
Esboço um sorriso leve
E sinto-me solto e suspenso
Por entre forças diferentes
Que me suportam nesse momento.
Não sei fazer análises críticas
A estes curtos momentos.
Abandono-me a mim mesmo
E acontece a observação
Sobre o que de mim desconheço.
Gosto destes momentos raros
Em que me aprendo
Sem nunca encontrar a definição
Do meu ser a evoluir.



Joaquim Marques

quinta-feira, 19 de abril de 2007

( J.M. faz-me um poema! )


Retratos
Pacatos:
Plurais de situações abstractas
Quando invento e não penso
E não sou dono dos meus actos.
Faço-os pacatos
Como a cor do amendoim
E esqueço-os
De conteúdo
Que diga só respeito a mim.
São retratos
Vozes da caneta e do momento
E dos pedidos que assento
Nalguns lugares

Chatos.


Joaquim Marques

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Nunca mais
Escrevi poesia
Do que pensava e sentia
Nalguns momentos
Em certos dias.

Nunca mais
Fui a incógnita
Do meu pensar preocupado
Quando sonho acordado
As resoluções do meu querer.



Joaquim Marques

terça-feira, 17 de abril de 2007

São assim
Estes meus momentos
Nestes últimos dias:
Uma sequência ilógica
De situações preocupantes
Com sabor amargo–doce

De que ainda não aprendi a gostar.



Joaquim Marques

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Um café ruidoso
É uma forma agradável
De nos sentirmos nós
Numa mesa vazia e suspensa
Dum silêncio sempre igual.
Faz-se nestas alturas
Um jogo
De mestres da sedução pelo olhar
Atento e cativante
Mas discreto.
Há então, por vezes, pausas
De ruídos e conversas
E dos dois ao mesmo tempo
E os olhares cruzam-se em pensamento
E a nossa mesa vazia
Enche-se de muralhas da indiferença
Tão carregadas de ingenuidade
De quem quer dar nas vistas
Marginalizando-se aos olhares:
É a discrição que utiliza a indiferença
E rege as regras do jogo.
E este que é amoroso
Repete-se desde milénios
Sempre que a vontade de agradar
Regeu a discrição
E esta a indiferença
E tudo numa representação imaginária
De complicar o que é simples
Dando-lhe sabor.
Há destes momentos pacatos
Em cafés ruidosos.



Joaquim Marques

domingo, 15 de abril de 2007

Desilude-me o riso usado
Das situações forçadas
Que levam ao nada irreversível
Das emoções diferentes.
Não creio nas pessoas
Que pretendem o sentir
Diferente
Que se fixa na amargura do pensar.
Pensar é simples
E inocente
Por isso é que nunca é amargo

Quando acontece ao acaso.


Joaquim Marques

sábado, 14 de abril de 2007

Tenho medo
De não poder chorar
O meu funeral que se aproxima.

Tenho medo
Porque o vejo a cada esquina
E me apoquenta aquela ideia
Aquele sentir de dor:
A felicidade de ficar
Aqui, ali
E em qualquer lugar,
Morto e vivo
Sem medo de chorar
A dor que sinto
Na ideia que me persegue.

Joaquim Marques

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Entrai meninos entrai
Por este castelo adentro
Vinde ver
O ser menino
No seu trono pequenino

Às voltas com o pensamento.


Joaquim Marques

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Espero-te
Vestido de esperança
De sentir
O teu sentido singelo.




Joaquim Marques

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Converso tanto contigo
Maria
Quando estou calado.
Desabafo tanto contigo
Maria
Quando em pensamento estou ao teu lado.
Vem visitar-me um dia
Maria
Vem ver-me aqui sentado
Roído, amargurado.

Dá-me a tua mão
Maria
Leva-me daqui para fora
Leva-me para onde mora
A serenidade do teu coração.

Será que tu me ouves
Maria,
Será que sentes este chamado?
Preciso tanto de falar contigo
Maria
Sem ter que estar calado.

Joaquim Marques

terça-feira, 10 de abril de 2007

Na atitude que nos une
No pensar que nos funde
Na força da ternura
Da tua presença singela
Conheci-me em ti

E adoptei-te minha irmã


Joaquim Marques

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Prostituta

Passeando a vida
Negra recortada
Canto a chorar
As pedras da calçada.

Oh! Mulher vítima
Foge da minha alçada
Corre-te a vida íntima
Pelas pedras da calçada.

Passeando, parei, correndo
Os calos da vida acabada
Da tua vida Mulher vivendo
Sobre as pedras da calçada.

Canto, fujo e quero
Ver-te na vida começada
A tua vida diferente
Sobre as pedras da calçada.

Canto a Mulher vida,
Negra recortada
Nesta dor sentida

Sobre as pedras da calçada.


Joaquim Marques

domingo, 8 de abril de 2007

Sorrio de mim mesmo,
Dos sentimentos que desconheço
E são o que aconteço
Nos momentos mais seguros.
Que sorriso o meu,
Que sentimentos aqueles,
Que força aquela, de fazer
O que faço acontecer
Em mim próprio!
Leve paz me abraça
Neste sorriso da ignorância
Que sou,
Nos meus pensamentos,
Naqueles momentos seguros.
Que paz,
Que sorriso alegre demonstro
Nestas palavras de sentido inseguro,
Próprias do pensamento seguro
Do que faço, quando assim aconteço.
Poucas vezes sorrio assim,
De mim mesmo,
Daquilo que sou quando me aprendo

Nestes sentimentos de amor.


Joaquim Marques

sábado, 7 de abril de 2007

No teu olhar atento
Conservo a minha expectativa
Nesta noite ao relento
À espera da tua iniciativa.

E ao analisar
Esse teu olhar distante
Preocupa-me a todo o instante
O modo fácil de o cativar.

Agora que o cativei
Derreteu-se todo o gelo
Da expectativa
E já pensei

Facilmente como esquecê-lo.


Joaquim Marques

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Olá!

Bom dia de Quinta-feira Santa para os que professam a fé Cristã. Para os outros, bom dia de Quinta-feira Santa.

Toda esta conversa para vos dizer que hoje não me apetece publicar nenhum poema.

Têm aqui muito que ler. Muitos comentários novos em poemas antigos para "cuscar".

Divirtam-se! Ou, então, voltem mais tarde.



Joaquim Marques

quarta-feira, 4 de abril de 2007

ANIVERSÁRIO

Só , realmente Só.
Dormente vazio
De espaços preenchidos pelos fugazes estalidos
Dum fogo preso ao coração que arde
E roda, sempre a girar,
Ora silencioso, ora bravio
Num espectáculo anunciado
Todos os anos esperado
Que irá terminar esfumando-se como uma bruma
E continuará só
Acompanhado de si e do pensamento
Sem se preocupar com o tormento

De estar só no meio de tantas atenções.


Joaquim Marques

terça-feira, 3 de abril de 2007

Em dias como este,
nocturnas passagens pela Terra...
como ia dizendo...
(desculpe, mas já não sei o que ia a dizer)

Pensando bem,
e eu que digo que não gosto
de pensar bem
quando mal penso no
acto de pensar.
Pensando bem,
(agora estou a ser vulgar)
Pensando bem,
para deixar de ser vulgar
vou ter que estudar
muitos mais dias
que aqueles que vou existir.
E é em dias como este,
e como o de amanhã
que é feriado,
que preciso de estudar muito,
todo o muito que não sei estudar,
porque hoje em dia estudar
não é vulgar, mas é vulgar
ser-se inteligente estudando.
E eu preciso de estudar
aquilo que já foi estudado
para ficar estúpido e bruto,
pois ser estúpido e bruto
não é vulgar
e é a estudar que se fica
estúpido e bruto.
E eu não gosto de ser vulgar!

Pronto
foi assim que acordei,
foi quando a nuvem
deu lugar ao sol
nesta tarde –minha nocturna passagem pela Terra.



Joaquim Marques

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Fantasia

Era noite,
Noite de luar.
No meu quarto escuro,
Lá ao fundo,
No escuro infinito,
Acontecia um julgamento.
Dois réus,
Um só crime.
A sentença foi lida.
Um raio penetrou
E queimou.
Impune sociedade!
Fui obrigado a intervir,
E terminei:
‘Errar é próprio do Homem! ‘
Brotaram lágrimas,
Soaram aplausos.
Era noite,
Noite de luar.

Adormeci.


Joaquim Marques

domingo, 1 de abril de 2007

Sou assim:
Sou espontâneo e extemporâneo
Na procura que me ocupa
Ligada às preocupações
De fazer com que os outros se sintam bem
Junto do meu bem-estar.

Sou assim:
Sou ambíguo e retardado
Nas respostas que me exigem
Sobre atitudes não pensadas
Quando me não sinto bem
Junto do bem-estar dos outros.

Sou assim:
Moldo-me às diferentes situações

Que o conviver me apresenta.


Joaquim Marques