domingo, 29 de setembro de 2013

Preciso de um verdadeiro amigo
que se preocupe comigo
não questione e se faça presente
como eu fui de tanta gente, agora ausente.

Joaquim Marques AC

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Pátria

A pátria do outro era a língua
a minha é a memória
da audácia corajosa de ir além dos limites da história
das crenças, por entre desavenças, vencendo a razão
dum punhado de povo iluminado
que a todos beneficiou, principalmente o coitado
do velho do Restelo e da sua descendência, imensa
prole que até hoje predomina
e mina o encanto
de ser gente heróica, bater o pé e ver além
enriquecendo a memória, para alguns insana
para mim o combustível que mantém viva a chama
de um mundo Luso, parido pela tradição lusitana
desde Viriato na Estrela, até Dili com Chanana.
Experimentou Camões na Roma do Oriente
amores infinitos, inspirações líricas na lusíada cultura
experimentei eu, nessa Goa hindu agonizada
desfolhado o cardápio, após uma longa jornada
o caldo verde, como típica entrada!
Chamem-me à memória dos tempos
resgatem-me dos contratempos
unam-se a mim no declarar
que ser luso é estar acima das tricas, das troicas e da ideologia saxónica
é ter consciência que metade dum povo que labuta
tem para onde ir, desde que vá com o tempo, tendo na memória a conduta!

Joaquim Marques AC


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Saberás um dia
que não foi em vão que te escrevia
versos de fantasia
como se florescesse um cravo vermelho no teu peito
ao lado do direito
por cima do mamilo rosado
até que a água do mar salgado me ter fustigado
transportado para longe pela onda do destino:
coisas que acontecem sem tino,
a despeito do meu respeito
que nos diferencia entre gerações.
Perco-me por ti, perdido entre orações
como o pulsar dos dedos, estendidos, a pedir mil perdões.

Joaquim Marques AC

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Sou


Sou como um pêndulo
Igual ao do carrilhão da minha avó
Para lá e para cá
Para cá e para lá...
E no preciso momento
Naquele segmento de tempo
Que medeia o vaivém
É precisamente ali que sou alguém.
Não sou nem triste nem alegre
Nem forte nem fraco
Nem mau nem bom
Nem fiel nem infiel
Nem presente nem ausente
Não estou nem cá nem lá
Estou ali, no meio, naquele instante.
Às vezes paro ali no tempo
Até que um impulso externo
Me devolve o movimento.
E assim levo a vida:
Atribulada na ida
Serena na volta.


Joaquim Marques