segunda-feira, 29 de março de 2010

Retalhos autobiográficos


I

Há trinta anos saí de casa dos meus pais para ir marcar a minha viagem à agência Abreu em Viseu.
Destino: Arquipélago dos Açores. Fui lá colocado, no curso de Ciências Agrárias do Instituto Universitário dos Açores.
Em Dezembro? Sim, as colocações só saíram em Dezembro e na sede do Propedêutico  disseram-me que as aulas começavam a 4 de Janeiro.
Estávamos no dia 30 de Dezembro de 1979. Na agência tinha um conhecido, mas infelizmente os voos estavam todos cheios, só consegui vaga num voo TAP que ia para Boston e fazia escala na Ilha de Santa Maria, único Aeroporto Internacional dos Açores à época, mas só no dia 06 de Janeiro.
Fiquei apreensivo, ia chegar atrasado!
Voltei pró ninho, entrei directamente na adega, agarrei numa garrafa de jeropiga, subi prá cozinha, assei castanhas, comi e bebi... estava nervoso.
O meu Pai não queria que eu fosse. Proprietário e herdeiro do saber de várias gerações de vitivinicultores do Dão, sempre me disse: "a agricultura é a arte de empobrecer alegremente". E depois, eu já tinha o 7º ano do Liceu, e o meu Padrinho um lugar à minha espera no balcão dum banco ( hoje podia ser Administrador do BCP!)
A minha Mãe, não tinha opinião oral (naquele tempo elas não tinham opinião, apesar do 25 de Abril de há 5 anos atrás) mas o olhar dizia tudo.
Nervoso, gazeado das castanhas e da jeropiga, fiz figas e fui a casa do Inspector Pires. Grande amigo da família, e eu da Tecas, sua filha e minha colega de Liceu, já se tinha prontificado a dar-me referências sobre colegas e amigos dele nos Açores, a quem telefonaria e eu levaria um cartão de recomendações. Aceitei agradecido, e ele também por ver-me ir para longe da Tecas.

II




Estávamos no dia 02 de Janeiro de 1980, quarta-feira. Era Janeiro, mês das noites de Luar e dos gatos! A geada, que cobria os lameiros daqueles vales, só se iria desvanecer com os primeiros raios de sol, mas somente nas encostas viradas a Sul. Depois da rambóia da passagem do ano, do aconchego do lar, das sopas de café com leite que a minha mãe me levou à cama no primeiro dia do ano, tinha acordado com o som do bater das enxadas nos balcões, que os trabalhadores, da casa agrícola do meu velho, faziam propositadamente para anunciar o enrego ao serviço. Era a época da poda das vinhas. Menino e moço, com sonhos altos, muito para além do cume dos montes que teimavam em condicionar-me os horizontes, mas já com coiro para justificar as sopas, lá fui aos comandos do tractor vinhateiro Kubota, estrada fora, caminhos adiante, rasgando o frio gélido dos ares dos campos. Chegado à quinta do Val-de-Infesta, pela hora do almoço, entre uma sardinha assada servida numa fatia de broa, uma malga de vinho, e o olhar distante, entre as Serras da Estrela e do Caramulo, fui interpelado pelo Ti António - Então o menino Quinzinho vai estudar para qual Universidade?- peremptório e seco respondi - Açores, Instituto Universitário dos Açores- e voltei-me para lá da serra do Caramulo, era pr'áqueles lados o meu destino. Pelas 13 horas, hora do jantar, (porque nas Beiras, os costumes da época eram antigos e de manhã desjejuava-se, por volta das 10 horas almoçava-se, o jantar era às 13 horas, a merenda às 16 e à noite a ceia) a senhora Maria, quando me entregava o prato de bacalhau com todos, acabado de fazer na panela de ferro, ali na lareira casa de cima, olhou-me e perguntou - O menino já ouviu as notícias do terramoto dos Açores?- gelei! - Qual terramoto Ti Maria?- e ela lá me contou as novidades que ouviu na telefonia. Não mais descansei, nervoso já estava, e agora esta coisa do terramoto, não consegui conter a ansiedade em chegar a casa e ligar a televisão para ver as notícias no primeiro canal.
E assim se passou o tempo, até que à noite, depois da ceia, na sala da televisão, os quatro, o meu pai, a minha irmã, a minha mãe e eu, fixámos os olhos no pequeno televisor a válvulas, dos poucos que a aldeia tinha, imagens a preto e branco, e silenciosamente escutámos as notícias entre imagens de horror e destruição. A minha mãe suspirava e nada dizia mas, num assomo de ternura e preocupação, chegou-se a mim, colocou-me a mão na cabeça e sussurrou  - Quinzito, meu filho, ainda queres ir para os Açores?- permaneci silente, senti os olhares da família deixarem o écran do televisor e dirigirem-se para mim. Baixei o olhar, voltei a fixar o televisor, foram segundos que pareceram horas, fiz figas, levantei o olhar e disse-lhe - Minha mãe, eu vou, mesmo assim, eu quero ir!

III



Dia 05 de Janeiro de 1980, Sábado. A minha ansiedade estava ao rubro. Tinha decidido ir para Lisboa de combóio. A minha mãe já tinha falado ao tio Ezequiel que morava em Benfica, lá para os lados do Cemitério de Benfica em Lisboa, que se prontificou a ir-me buscar ao Campo dos Mártires da Pátria onde parava habitualmente a camioneta da empresa Marques, uma empresa de Silgueiros, de uns primos afastados da família. Pernoitaria na casa dos tios e no dia seguinte levavam-me ao aeroporto para apanhar o avião para os Açores. Mas como já era Sábado, o avião saía no dia seguinte, quis ficar mais uns instantes nas terras de Viriato, e decidi que o melhor era apanhar o combóio em Nelas, um Inter Regional que vinha de Vilar Formoso e chegava a Lisboa pelas 08 horas da manhã do dia seguinte, bastante a tempo de chegar a horas ao aeroporto da Portela. 
Aproveitei a tarde para me despedir de alguns amigos da aldeia. No ano anterior tinha alargado o leque de amigos. É tradição da aldeia de Passos de Silgueiros, cujo padroeiro é S. Sebastião, que a festa em sua honra se faça todos os dias 20 de Janeiro pelos jovens que vão à inspecção militar no ano em que completam 20 anos. Fui, portanto, mordomo das festas no ano anterior, fizemos muitas actividades, inclusive umas peças de teatro, tudo para arranjar fundos para as festas e para comprar um pálio novo para a procissão. A estes amigos, uns mais humildes, outros nem tanto, quis dar um abraço – O Quinzinho não vai ficar para as festas de S. Sebastião?-- por deferência e costume da aldeia, tratavam pelo diminutivo as pessoas das famílias mais abastadas – Não, André, este ano não vai ser possível, mas nós já deixámos uma marca, os mordomos deste ano irão fazer igual ou até melhor!-- Tremiam-me as pernas, era difícil encobrir a ansiedade e o medo. Não senti saudades, sabia no meu intimo que o meu tempo ali terminara, uma vida nova estava à minha espera, noutras paragens, sem ter a certeza do que me esperava. 
Mala feita, umas roupas e o meu tesouro, uma pequena pasta com alguns rabiscos que eu julgava poemas, uns desabafos que aprendi a escrever numas folhas brancas desde a adolescência, e um livro de poemas de Alberto Caeiro. A passagem aérea , seis contos em dinheiro, tudo já dentro da bagageira do Renault 10, azul claro, volante à direita, que o meu pai tinha trazido de Moçambique. Lá fomos para Nelas, os quatro, depois da ceia, esperar o combóio. 
A noite estava limpa e fria, um luar intenso, o cume da Serra da Estrela coberto de neve, brilhava ao luar. Perdi o nervosismo miudinho, já nem o frio me incomodava. Na gare da estação, já o combóio vinha a entrar, abracei a minha mãe que chorava, a minha irmã, dois anos mais nova, também com lágrimas ao conto do olho, deu-me um beijo, e disse-lhes – não chorem, vai correr tudo bem-- por instantes, recordei-me da ultima e única vez que chorei quando me despedi dos meus familiares, tinha 7 anos, entrado para 1ª classe da escola primária em Moçambique, a casa dos meus pais ficava a 70 Km numa outra localidade sem escola. O meu pai era funcionário dos Caminhos de Ferro de Moçambique, os comboios estavam-me, portanto, no sangue. Desde menino, todos os dias, ia para a escola de combóio e vinha, a primeira vez acompanhado, as seguintes sozinho. Tinha agora que iniciar a viagem para fora do ninho, evidentemente, de combóio! Abri a porta da carruagem, coloquei a mala, desci para o ultimo abraço ao meu pai – Vai lá meu rapaz, quando lá chegares, abre uma conta no BNU que eu mando-te mais dinheiro-- e disse-me aquilo, no meio do abraço, já com a voz embargada. 

IV



Dia 06 de Janeiro de 1980. No aeroporto da Portela, já dentro do avião, um Boeing 707, junto à janela, naqueles instantes em que o avião permanece na pista aguardando a ordem para levantar, abstraí-me dos companheiros de viagem e dos Comissários de bordo e das suas explicações de segurança, olhei pela janela e recordei-me dos meus 10 anos, em 1970, quando aqui aterrei pela primeira vez, a bordo dum destes Boeing 707, vindo de Moçambique. Na altura, eu era  uma criança europeia habituada à realidade africana e observando pela janela a mesma cena que agora vislumbrava, mas na minha ingenuidade infantil, atónito, agarrei o pulso da minha mãe, enquanto lá fora, pachorrentamente um grupo de homens, de enxada em punho, cortava a erva entre as pistas – Mãe, Mãe! Olha! Ó Mãe, os pretos aqui são brancos!-- Nisto já o avião levantara voo. Lá ia eu num voo internacional, com destino à América, com escala em Santa Maria, o meu próximo destino. Apesar de novito, já conhecia muitas da possessões ultramarinas, as Ilhas da Madeira, Cabo Verde, S. Tomé, Angola, Durban na África do Sul e claro, Moçambique onde fui parido. Isto, graças às viagens no navio Príncipe Perfeito, da Metrópole para Moçambique, 29 dias de viagem, memoráveis, que um dia contarei aos meus netos. Ainda me faltava conhecer os Açores, e quis o destino que em breve aterrasse numa dessas Ilhas de bruma. 
Duas horas e pouco depois, lá estava eu em solo açoriano, era fim de tarde, princípio de noite, o nervoso miudinho voltou. 
Já de mala na mão, fui ao balcão da SATA, saber do meu voo e das alternativas, afinal eram quase 19 horas, o voo estava marcado para a manhã do dia seguinte e se houvesse uma oportunidade de viajar ainda naquele dia... mas infelizmente já não podia ser, já não havia mais voos. Quando não há remédio, remediado está! Fome não tinha, na TAP, naquele tempo, a comida era muito boa, e eu fiz pela vida, já estava pago e eu não sabia o que me esperava. O problema era um ligeiro cansaço, não dormi no combóio e precisava de arranjar um lugar para descansar o esqueleto. Indicaram-me um hotel perto do aeroporto, o único, ou em alternativa umas residenciais na Vila, mas ficava longe e era por tão poucas horas, resolvi só tentar o hotel. 
E lá fui, recordo-me da noite escura, escuro como breu, mas 300 metros mais abaixo, lá estavam as luzes do hotel, não me recordo do nome, só da simpatia dos recepcionistas que me informaram que o hotel estava praticamente lotado, só haviam 2 quartos livres. Imaginei que eram os melhorzinhos porque pelo preço, dos 6 contos que levava na carteira, ficava quase liso, declinei a oferta! Outra vez, quando não há remédio, remediado está! Jaquim, Jaquim, a coisa está a complicar-se! Voltei para a sala de espera do aeroporto. O meu voo saía às 07:40 horas do dia seguinte. Mais uma noite ao relento! Mas, mesmo assim, agarrado à mala, num banco de plástico rijo, um olho aberto, o outro fechado, ia dormitando cada metade do corpo. As pessoas dali falavam português, mas eu estava em terra estranha, nada de confiar! Nunca as horas me custaram tanto a passar, fartei-me de dar corda ao relógio, mas nem assim! 

V




Dia 07 de Janeiro de 1980, segunda-feira. Era madrugada, por volta das três horas, acordei cheio de frio, o corpo dorido e bastante assustado. Por breves instantes devo ter adormecido, acordei estremunhado, mas a mala estava no mesmo sítio. Havia tanta gente naquela sala de espera, uma barulheira, por instantes não sabia onde estava, mas lá me recompus. O pequeno aeroporto estava à pinha. Ajeitei os cabelos, passei os dedos pelos olhos para retirar as remelas e fiquei a observar. Havia ali de tudo, novos e velhos, magros e gordos, feias e ... – olha que moça tão bonita!-- e ela também olhava para mim, e os dois trocámos olhares, vezes sem fim, quase paralisei. As coisas boas duram pouco, abriu-se a porta de embarque e lá foram todos embora, e a moça bonita também. Agarrei no meu caderno de notas e registei o momento, foi o meu primeiro poema em terras açorianas.




No teu olhar atento
Conservo a minha expectativa
Nesta noite ao relento
À espera da tua iniciativa.

E ao analisar
Esse teu olhar distante
Preocupa-me a todo o instante
O modo fácil de o cativar.

Agora que o cativei
Derreteu-se todo o gelo
Da expectativa
E já pensei
Facilmente como esquecê-lo.




Levantei-me, fui ao bar tomar um café e fumar um cigarro. Naquela altura eu fumava SG Gigante e já estava a acabar. Olhei para o mostruário do tabaco mas não encontrei a minha marca. Eram só marcas de tabaco estranhas, Boa Viagem, Além Mar, Apolo 20, nunca tinha ouvi falar naquele tabaco. Lá me explicaram que eram marcas dos Açores e não se comercializava SG nas ilhas. Pedi um parecido com o meu, e o rapaz sugeriu-me o Apolo 20 que, dizia ele, era dos mais suaves. Abri o maço, dei umas baforadas e quase me engasguei, tossi como um louco! O moço tinha-me dito que era dos mais suaves, imaginem os outros!
O céu clareava, a alvorada permitiu-me ver, finalmente, a paisagem da ilha, montes altos cobertos de pasto verde, vários tons de verde pintados naquelas encostas recortadas por pequenos muros de pedra negra onde pastavam algumas vacas. Aqui e ali umas hortênsias, uma névoa, mas sobretudo uma imensa tranquilidade rodeada pelo imenso oceano azul. A minha primeira impressão sobre a Ilha de Santa Maria foi a imensidão dos elementos e o impacto que causavam na minha presença insignificante. Começava a gostar dos Açores.
Ouvi e vi aterrar um pequeno avião a hélice mas, nem liguei. Puxava de outro cigarro quando fui interrompido pelos altifalantes que anunciavam o embarque no voo da SATA. Não me tinha apercebido da chegada do avião da SATA. Corri a perguntar se era mesmo o meu voo, disseram-me que sim, atónito perguntei –naquela avioneta?—corrigiram-me, era um avião Avro, bimotor com capacidade para 22 passageiros. Encolhi os ombros resignado.
Já dentro do pequeno avião, completamente lotado, num lugar junto à janela sobre as asas, benzi-me e sorri para o companheiro do lado. Com o avião já na pista, parado e com os motores no máximo, a cabine tremia, era uma barulheira que nem se percebia a voz da hospedeira a anunciar o início do voo. Fiz-me valente, sorri, ao mesmo tempo agarrei-me com força aos braços da cadeira e comecei a trautear – indo eu , indo eu, a caminho de Viseu— nisto o bicho levanta voo –ai Jesus que lá vou eu!— Valha-me Nossa Senhora d’Agrela! Estava borradinho de medo!
O bicho ia tomado altura, aos solavancos, era cada poço de ar, nem reparei na paisagem da ilha, compenetrei-me nas hélices e foi aí que reparei que os motores eram Rolls Royce. Fiquei bem mais tranquilo. Nisto sou interrompido pela hospedeira que me oferecia rebuçados numa cesta –rebuçados a esta hora?! Então e o pequeno almoço?-- o que eu fui dizer! A moça, com má cara, informou-me que naqueles aviões não se serviam refeições a bordo. Acto contínuo em vez de um, tirei três rebuçados. Um homem nunca se atrapalha, surpresas atrás de surpresas, o fundamental era sobreviver!

VI




Dia 07 de Janeiro de 1980, continuação. A viagem no avião da SATA até correu melhor que as minhas expectativas iniciais. Aterrámos em segurança, sorri de contentamento e algum alívio ao deixar o avião. Começava a entender, apesar dos meus tenros 20 anos, que a vida é feita de novas experiências, ainda assim,  parecem-se sempre com um bicho de sete cabeças. Em todo o caso, e dando mais uma olhadela ao mosquito que acabava de deixar, (sim, porque naquele bicho senti-me um mísero glóbulo vermelho no bucho dum mosquito) senti-me orgulhoso.
Já fora do aeroporto, a temperatura estava óptima para um dia de Janeiro, o Céu limpo, ensolarado, mas não tinha tempo para admirar os elementos nem a paisagem, estava preocupado com as aulas, em Viseu tinham-me dito que começavam no dia 04, já estava atrasado, e eu nunca gostei de chegar atrasado.
Chamei um taxi, eram iguais aos de Lisboa. Solícito, o taxista abriu a mala do carro, sorriu e cumprimentou-me. O bom dia dele ainda percebi mas, as outras palavras que balbuciou não entendi nenhuma. Era um homem maduro, alto, magro, na casa dos 45 anos, a pele bem queimada do Sol, cabelo castanho claro, simpático, mas tinha um linguajar estranho! Já dentro do taxi, a caminho do Instituto Universitário, pensei cá com os meus botões: este tipo deve ser descendente dos Corsários, dos Piratas das Caraíbas, fala um português afrancesado, tomara que seja sério e me leve são e salvo ao meu destino.
Chegado ao Instituto, indicaram-me onde eram os Serviços Académicos. Aproximei-me do balcão de atendimento, o Bilhete de Identidade e o papel do Propedêutico na mão, apresentei-me, disse o nome do curso em que me queria matricular, e pedi mil desculpas por estar a chegar atrasado. Do outro lado, uma senhora com ar simpático, sorridente, deu uma pequena gargalhada, pediu-me desculpa por isso, e de sorriso largo disse-me – não se preocupe, as aulas ainda não começaram, só vão começar na próxima semana. Mas o senhor tem aqui um problema, lamento mas, não podemos efectuar a sua matricula.— Estupidifiquei! Lá lhe mostrei o papel do Propedêutico, o endereço e o curso estavam correctos, ela confirmou os dados mas adiantou: -- O Instituto Universitário dos Açores é aqui mas, o seu curso é no Polo Universitário da Terceira!— e eu estava em Ponta Delgada, na Reitoria.

Continua.

Joaquim Marques AC

quarta-feira, 3 de março de 2010

Futuro

Já vi
a imagem do poema que vou escrever
ali
naquele pedaço de sonho suspenso
aqui
vontade apresionada à espera
de ti.
Joaquim Marques AC