quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Lusitana Maria

Maria ia
solta, cabelo ao vento
negro, longo, cuidado
regaço apanhado
busto de sereia
ia assim a Maria
em passo apressado
corria
olhava de soslaio
ao piropo malcriado
sorria
lábios carnudos ora abertos ora fechados
ia a Maria rua adiante
pele branca bronzeada
tornozelos de diva cinzelados
parava o trânsito por instantes
Maria corria, sorria
nádegas oscilantes
nada a distraía
braços longos, mão esquerda fechada
a outra aberta sobre o vestido que vestia
lá ia a Maria, de salto alto ia
rua fora, destemida, até o padre se benzia...
Maria parou, olhou
cristalino cintilante
olhar castanho fulgurante
quedou-se no horizonte
Maria sonhava, dia após dia
que Viriato a viesse buscar
a levasse com ele pró outro lado do mar
só a ele, ela se entregaria.

Joaquim Marques