sexta-feira, 13 de junho de 2008

Livro III Poema 38

Fecho-me no meu silêncio
fechado, trancado com um cadeado
e perco a chave, de propósito, para aumentar a minha angústia
é uma encenação ensaiada, como uma prisão de ventre que dói
incomoda até se proporcionar o momento do alívio
tudo pelo prazer de sentir o prazer masoquista
para além do masoquismo da vida que vivo.
Estou doente, sou demente, mas ao ter consciência disso
não me levam a sério, nem me internam, nem se importam
se eu fosse autista de verdade seria muito mau
mas bem pior é quando sou autista a fingir.


Joaquim Marques