sábado, 21 de junho de 2008

80 Anos

Pai,
se não tivesses falecido ainda hoje eras vivo
e eu teria tido palavras diferentes para te dirigir
naquele tempo, o óbvio era ter-te sem ter
e este óbvio mata-me sem me deixar morrer.
Pai,
ser pai é um aprender constante no meu viver
é outro tempo, é outra época, é ser sem referências do ter.
Mas meu Pai,
se reencarnar noutro ser faz sentido
gostaria que voltasses ao mundo sendo meu filho
dar-te-ia o mesmo nome e amar-te-ia sem qualquer prurido
comportamento que eu não tive e devia ter tido.

Joaquim Marques AC