segunda-feira, 19 de maio de 2008

Livro III Poema 30

Haverá outra forma de encarar o novo dia
Que não seja sorrindo à tua presença
Mesmo que dissimulada na ausência
Do explicito sorrir que me habituaste?

A esperança no devir
A contínua forma que tenho de sorrir
A mim mesmo, sorrindo de olhos encharcados
Ao anúncio do meu devir mascarado
É a única forma que encontro de não desfalecer.

Fui construindo teias
Umas maiores, outras menores,
Outras refeitas
Outras contrafeitas
Sou uma aranha improvisada
Alimentando-me de insectos incautos
Que a uns sacia mas a mim deixam enjoado
Já tive sorte, agora já não caço
Limito-me a desfazer o embaraço
Que a teia que construía só o azar atraía...

Deve haver outra forma de encarar este novo dia
Nem que seja ver rosas em cima do telhado
Luas cheias reflectidas no meu lago
Os peixes púrpura caçando os gatos
Tudo em sublime desalinho....
Que Deus me ajude! Que Deus me ajude!

Joaquim Marques