sexta-feira, 21 de maio de 2010

Sou

Sou como um pêndulo
Igual ao do carrilhão da minha avó
Para lá e para cá
Para cá e para lá...
E no preciso momento
Naquele segmento de tempo
Que medeia o vaivém
É precisamente ali que sou alguém.
Não sou nem triste nem alegre
Nem forte nem fraco
Nem mau nem bom
Nem fiel nem infiel
Nem presente nem ausente
Não estou nem cá nem lá
Estou ali, no meio, naquele instante.
Às vezes paro ali no tempo
Até que um impulso externo
Me devolve o movimento.
E assim levo a vida:
Atribulada na ida
Serena na volta.


Joaquim Marques

4 comentários:

Anónimo disse...

bom dia,
pensei que estava a ler Àlvaro de Campos, ele não faria melhor
parabéns
cla

Anónimo disse...

Admirável este teu poema!
Brilhante quanto ao conteúdo e quanto à forma!
E, também, por igualmente me fazer sentir…

Como um pêndulo
Sou um corpo suspenso
Sem equilíbrio…
No vaivém
De lá para cá
De cá para lá
Sinto-me ninguém…
A oscilar
Entre o que me dão
E o que me tiram…
Entre os direitos que tive
E já não tenho…
Entre a aceitação
E a rejeição…
Entre a atenção
E a indiferença…
Entre amores
E desamores…
Entre a vida
E a morte…

Isa

Anónimo disse...

No relógio da vida somos todos como pêndulos...
Nunca estamos parados e muito menos com lugar cativo...

Anónimo disse...

Nesse pêndulo...não precisamos ser perfeitos...
Essa é sempre nossa busca...
Esse é sempre o nosso erro...
Não existem extremos...
Não deveria existir...
O nosso ser desnuda-se e é nesse momento que realmente nos mostramos...
Seria muito bom ....se a vida não exigesse de nós esses extremos...
Seria mais fácil viver...

Te adoro meu gatinho...!!!