segunda-feira, 16 de abril de 2007

Um café ruidoso
É uma forma agradável
De nos sentirmos nós
Numa mesa vazia e suspensa
Dum silêncio sempre igual.
Faz-se nestas alturas
Um jogo
De mestres da sedução pelo olhar
Atento e cativante
Mas discreto.
Há então, por vezes, pausas
De ruídos e conversas
E dos dois ao mesmo tempo
E os olhares cruzam-se em pensamento
E a nossa mesa vazia
Enche-se de muralhas da indiferença
Tão carregadas de ingenuidade
De quem quer dar nas vistas
Marginalizando-se aos olhares:
É a discrição que utiliza a indiferença
E rege as regras do jogo.
E este que é amoroso
Repete-se desde milénios
Sempre que a vontade de agradar
Regeu a discrição
E esta a indiferença
E tudo numa representação imaginária
De complicar o que é simples
Dando-lhe sabor.
Há destes momentos pacatos
Em cafés ruidosos.



Joaquim Marques

1 comentário:

Anónimo disse...

Ah! como é gostoso esse jogo de sedução....
Um olhar fala mais que uma palavra...
Nos deixa arrepiados,nos hipnotisa,nos encanta...
E quando esse jogo é feito por duas pessoas essencialmente sozinhas,chega a ser um presente ....
Tudo que procuramos...são olhares...que furtem de nós...os nossos desejos...e nos dêem um sensação de que somos atraentes,somos especiais....
E que talvez por um momento ...o par perfeito dos olhares ..sejam eternos,estremeçam nossos corações....nos leve para outros horizontes...nos deixe pecar um pecado gostoso.... até que o café acabe....

Beijos meu gato...