Vejo além uma moça
vejo-a como quem a vê.
Alberto Caeiro também a veria assim.
(gostava de ver o Caeiro
a ver-se ao espelho
como faz além aquela moça)
Eu vejo-a como todos a vêem,
com o olhar atento
nas ondas do seu cabelo revolto.
Estou a vê-la como todos a vêem,
de costas como todos estão
quando se penteiam ao espelho
vistos por outras pessoas com olhos de ver.
Só com olhos de ver!
Mas agora estou a vê-la melhor:
com o pensamento nela
e os olhos postos nos seus cabelos revoltos
de costas para mim.
Fechei os olhos.
Abri-os.
Agora vejo-a melhor, muito melhor
que o melhor que via antes:
vejo a sua imagem reflectida no espelho:
com os olhos vejo o espelho e a moça,
com o pensamento vejo-lhe o rosto.
Joaquim Marques
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